Relatório Semanal de Asset Allocation:

No Brasil, o destaque da semana ficou por conta do esforço na articulação política que está sendo feito pelo Governo Temer para que a Reforma da Previdência, ou parte dela, seja aprovada ainda este ano. No que tange ao crescimento, os indicadores apontam para uma recuperação gradual da economia e do mercado de trabalho. A inflação segue baixa. Na verdade, o repique de alta esperado por muitos não ocorreu e as expectativas de IPCA para este ano continua em torno de 3%, muito abaixo do centro da meta. As contas externas seguem saudáveis e as questões fiscais do país precisam ser endereçadas pelas reformas estruturais que estão sendo propostas pelo Governo e discutidas pelo Congresso.
No cenário externo, na China, os indicadores apontam para uma desaceleração moderada da economia. Este cenário já era de certa forma esperado. Enquanto a magnitude da desaceleração for gradual, o mercado irá concluir que o cenário para a economia chinesa continua estável.
Na Europa, continuamos a ver sinais de robustez da economia, com um crescimento forte e inflação ainda baixa. O cenário político ainda requer algum cuidado e pode gerar ruídos de curto-prazo, como foi o caso das negociações para a formação de um governo de coalização na Alemanha e as negociações ainda incertas do Brexit entre Reino Unido e União Europeia.
Nos EUA, o destaque da semana ficou por conta dos números de inflação. O Core CPI – principal indicador de inflação analisado pelo mercado e pelo Fed – ficou levemente acima das expectativas em outubro. Mesmo com esta leve surpresa altista, o cenário base continua a ser de uma inflação contida, que sobe apenas de maneira gradual no país, mesmo diante de um crescimento sólido e um mercado de trabalho robusto, já tendo superado o que consideramos ser um nível de pleno emprego e hiato do produto fechado.
A semana trouxe alguns ruídos idiossincráticos em alguns países emergentes, como o primeiro turno das eleições no Chile e pressões adicionais nos ativos da Turquia.
Alocação/Estratégia:

Nas últimas semanas, escrevemos que víamos os movimentos recentes de realização dos ativos locais como uma oportunidade para elevar cautelosamente as alocações em ativos do Brasil. Os últimos dias, por ora, estão comprovando esta tese de investimento. Mantemos nossa visão inalterada.

Gostamos da parte intermediária da curva de juros local, mas entendemos que a compressão dos prêmios de alta de juros no ano que vem só se realizará ao longo do tempo, e não de forma instantânea, conforme o mercado for de convencendo que o cenário de inflação e crescimento são condizentes com uma taxa de juros mais baixa por mais tempo. Além disso, acreditamos que mesmo em um eventual ciclo de alta da Taxa Selic, que certamente ocorrerá em algum momento do tempo, as altas necessárias deverão ser menores do que aquela precificada na curva atual.

Acreditamos que o BRL deverá manter-se em um range, mesmo que mais largo que o anterior. Se antes víamos a moeda entre 3,10-3,20, agora vemos a moeda entre 3,15-3,35. No nível acima de 3,30, que a moeda chegou a operar nas últimas semanas, já vemos uma assimetria mais favorável a apreciação do Real. As contas externas locais seguem saudáveis e sem sinais de deterioração, o que vislumbra uma moeda mais comportada ao longo do tempo. Contudo o cenário externo será fundamental nas próximas semanas.

A bolsa ainda nos parece ser o ativo com mais apelo para alocações de curto-prazo devido aos vetores já citados nas últimas semanas (recuperação cíclica da economia, juros mais baixos e por mais tempo, cenário externo favorável para esta classe de ativo e posição técnica ainda saudável).

Para fundos de alocação, ainda achamos que faz sentido manter posições acima da média em Renda Variável. Na parcela de renda fixa, gostamos de um mix de IRFM-1+ (em torno de 4 anos de duration) com um pouco de inflação curta (IMA-B5), pelo carrego de curto-prazo, e um pouco de inflação longa (IMA-B5+), pelas taxas longas ainda elevadas. Será cada vez mais importante uma mudança de fundos de renda fixa para multimercados, em busca de um “alpha” mais ativo em um período de CDI mais baixo. A escolha dos gestores em renda variável também será fundamental em um ambiente em que existe discrepância enorme entre o preço e o valuation das ações locais. 

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