Relatório Semanal de Asset Allocation:
No Brasil, o IBC-Br – uma espécie de PIB
mensal coletado pelo Banco Central do Brasil (BCB) – apresentou alta de 0,4% em
setembro e 1,3% em relação ao mesmo período do ano anterior. O número reforça
um cenário de recuperação gradual do crescimento que começa a se mostrar mais
consolidado e difundido.
O IPCA-15 de novembro apresentou alta de 0,32% m/m e 2,77%
no acumulado em 12 meses, cerca de 6bps abaixo das expectativas do mercado. O
quadro qualitativo do indicador também foi positivo, com núcleos e difusão
declinantes, além de uma inflação de serviços extremamente contida. À primeira
vista, a diferença de 6bps pode parecer pequena, mas em um contexto em que a
inflação corrente já apresentou uma surpresa positiva para o final do ano de
quase 40bps, acaba confirmando um ambiente muito benigno para a inflação
corrente e prospectiva. Um bom número de analistas esperava inflação de cerca
de 3,30% para este ano há poucas semanas atrás. As surpresas recentes levaram a
uma previsão abaixo de 3,00% para o IPCA de fechamento de 2017.
As contas externas de outubro voltaram a surpreender
positivamente, com uma conta corrente com déficit ínfimo de cerca de 0,5% do
PIB, além de Investimentos Estrangeiros Diretos robustos e alguma demanda mais
expressiva na conta Portfólio. As contas externas mostram um quadro de absoluta
tranquilidade para o câmbio, que pode acabar ganhando ímpeto caso as emissões
de ações e dívida externa corporativa programadas para este final de ano de
fato ocorram. O BRL deve seguir o humor global em relação ao USD no mundo, como
é natural ocorrer ao longo do tempo, mas dado o cenário de contas externas, a
moeda parece de certa forma “blindada” de eventuais depreciações exageradas.
De maneira geral, segue um cenário externo estável e
construtivo, em meio a um cenário local em que se consolida uma situação
cíclica mais confortável em quase todas as frentes: crescimento e emprego em
recuperação gradual, inflação baixa e contida, juros em queda e perspectivas de
juros baixos por mais tempo, contas externas saudáveis e “risco positivo” caso
haja aprovação da reforma da previdência.
O debate em torno de uma possível Reforma da Previdência
continua, com a mídia reportando um esforço por parte do governo em prol de sua
aprovação pelo menos na Câmara este ano. O mercado precifica hoje baixa
probabilidade de aprovação de qualquer reforma ainda este ano.
Alocação/Estratégia:
Nas últimas semanas, escrevemos que
víamos os movimentos recentes de realização dos ativos locais como uma
oportunidade para elevar cautelosamente as alocações em ativos do Brasil. Os
últimos dias, por ora, estão comprovando esta tese de investimento.
Gostaríamos de adicionar que percebemos
uma melhora na posição técnica do mercado local, além de preços mais atrativos
após os movimentos recentes de realização de lucros. No campo econômico, vemos
números que reforçam um quadro de recuperação do crescimento e do mercado de
trabalho, inflação baixa, e contas externas saudáveis.
Mantemos nossa visão inalterada.
Gostamos
da parte intermediária da curva de juros local, mas entendemos que a compressão
dos prêmios de alta de juros no ano que vem só se realizará ao longo do tempo,
e não de forma instantânea, conforme o mercado for se convencendo que o cenário
de inflação e crescimento são condizentes com uma taxa de juros mais baixa por
mais tempo. Além disso, acreditamos que mesmo em um eventual ciclo de alta da
Taxa Selic, que certamente ocorrerá em algum momento do tempo, as altas
necessárias deverão ser menores do que aquelas precificadas na curva atual.
Acreditamos
que o BRL deverá manter-se em um range, mesmo que mais largo que o anterior. Se
antes víamos a moeda entre 3,10-3,20, agora vemos a moeda entre 3,15-3,35. No
nível acima de 3,30, que a moeda chegou a operar nas últimas semanas, já vemos
uma assimetria mais favorável a apreciação do BRL. As contas externas locais
seguem saudáveis e sem sinais de deterioração, o que sugere uma moeda mais
comportada ao longo do tempo. Contudo o cenário externo será fundamental nas
próximas semanas.
A
bolsa ainda nos parece ser o ativo com mais apelo para alocações de curto-prazo
devido aos vetores já citados nas últimas semanas (recuperação cíclica da
economia, juros mais baixos e por mais tempo, cenário externo favorável para
esta classe de ativo e posição técnica ainda saudável).
Para
fundos de alocação, ainda achamos que faz sentido manter posições acima da
média em Renda Variável. Na parcela de renda fixa, gostamos de um mix de
IRFM-1+ (em torno de 4 anos de duration) com um pouco de inflação curta
(IMA-B5), pelo carrego de curto-prazo, e um pouco de inflação longa (IMA-B5+),
pelas taxas longas ainda elevadas. Será cada vez mais importante uma mudança de
fundos de renda fixa para multimercados, em busca de um “alpha” mais ativo em
um período de CDI mais baixo. A escolha dos gestores em renda variável também
será fundamental em um ambiente em que existe discrepância enorme entre o preço
e o valuation das ações locais.
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