Mercados Globais - De "Goldilocks" para um pouco mais de "Reflation".

Os mercados financeiros globais estão passando por uma “Grande Rotação” neste momento, saindo um pouco do “Goldilocks” para um pouco mais de “Reflation”. Muitos me perguntaram ao longo do dia o que teria sido o “trigger” para este movimento. Acredito que um conjunto de vetores explica está rotação tais como: o aumento da probabilidade de concretização de alguma Reforma Tributária nos EUA, dados levemente mais elevados de inflação na Alemanha, além da confirmação de números econômicos positivos nos EUA nas últimas 48 horas.

Alguns dos reflexos desta rotação são mais claros (e óbvios), tal como a abertura de taxa de juros no G10. Outros são um pouco mais sutis, como o bom desempenho do Setor de Financials na bolsa do EUA, em detrimento a uma forte pressão no Setor de Tech. A posição técnica do mercado, vencedora durante grande parte do ano, acaba ajudando a acentuar estes movimentos e está “Rotação”.

Os ativos emergentes sentiram alguma pressão, muito devido a abertura das taxas de juros no G10, em um efeito secundário à “Grande Rotação” de outras classes de ativos. Os ativos no Brasil, contudo, apresentaram claro desempenho inferior aos seus pares. Não tenho explicação óbvia para a under-performance de Brasil ao longo do dia de hoje.

Pela posição técnica do mercado e pelo desempenho do mesmo ao longo do ano, está “Grande Rotação” ainda pode continuar nos próximos dias, quiçá meses, em uma possível preparação do mercado a um eventual novo cenário econômico em 2018. Para que estes movimentos sejam mais sustentáveis, e não apenas ajustes técnicos, contudo, será necessário um suporte maior do cenário econômico. Neste frente, os próximos dias serão fundamentais, com o avanço (ou não) da Reforma Tributária nos EUA e importantes dados de inflação e emprego.

Em relação ao Brasil, ainda vejo o cenário externo ditando a dinâmica dos ativos locais. Uma possível aprovação da Reforma da Previdência poderia de certa forma “blindar” os ativos locais de deteriorações mais acentuadas. A ausência de Reforma, contudo, coloca o país em posição um pouco mais frágil. De maneira geral, contudo, ainda vejo um cenário econômico positivo para o país, como tenho reportado neste fórum amplamente nas últimas semanas. Não vejo uma posição técnica ruim por parte dos fundos locais, o que me leva a crer que os fluxos nesta deterioração sejam fruto de estrangeiros.


Em síntese, ainda vejo o cenário migrando entre o “Goldilocks” e o “Reflation” o que requer um portfólio balanceado entre as classes de ativos e os devidos hedges.

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