Embate EUA vs China, Brexit e Fed.


O destaque do final de semana ficou sem dúvida alguma por conta da reunião da APEC na Papua Nova Guine, que acabou como destaque em todos os jornais. Ao final do encontro, pela primeira vez em quase 30 anos, não houve acordo para um comunicado oficial. A maior rivalidade ficou por conta do embate entre os EUA e a China.

Como comentei ontem: A única notícia mais relevante até o momento, neste final de semana, ficou por conta da “guerra” verbal travada entre os EUA e a China na reunião da APEC. Pelo tom adotado por ambos, fica difícil acreditar que qualquer acordo comercial mais concreto e duradouro esteja próximo a ser atingido e/ou anunciado, a despeito do otimismo recente em relação ao tema.
Eu acredito que o caminho até um acordo será longo e tortuoso, com muitos ruídos ao longo do caminho. Não descarto que a situação econômica e/ou os preços dos ativos de risco tenham que piorar mais antes que algum avanço concreto seja atingido. No final das contas, acredito em algum acordo, mas sabendo que o caminho talvez seja mais negativo que o resultado final.

Esta notícia, por si só, deveria colocar alguma pressão negativa de curto-prazo nos ativos de risco neste início de semana, dado as expectativas que se formaram para um acordo entre EUA e China, ou pelo menos um “cessar fogo”, na reunião do G20.

Contudo, na última semana, começou a surgir um debate de que o Fed poderia estar mudando seu tom e, finalmente, alterar o curso de sua política monetária, em algum momento, encerrando o ciclo de normalização das taxas de juros e de seu balanço. Esta expectativa foi criada após os discursos de Powell e Clarida na semana passada.

Na minha visão, este tema é de extrema importância e precisa ser acompanhado no detalhe. Se isso for verdade, sem dúvida alguma será uma mudança substancial de cenário de médio-prazo e com reverberações (positivas) acentuadas para várias classes de ativos de risco.

Por ora, todavia, isso não passa de interpretações e especulações. A despeito da desaceleração global ex-EUA vista nos últimos meses, os EUA continuam mostrando crescimento saudável, a despeito de algum arrefecimento, esperado, na margem. O mercado de trabalho segue firme, com o hiato do produto fechado e com acumulo de pressões inflacionárias. Ficarei mais confortável em vislumbrar um cenário de mudança de postura por parte do Fed caso os dados econômicos mostrem uma mudança nestas frentes, o que ainda não aconteceu.

Entendo, que o mercado poderá navegar estas expectativas mais positivas no curto-prazo, mesmo que não haja de fato uma mudança estrutural.

Finalmente, a situação do Brexit continua incerta. Theresa May pode, em breve, ser obrigada a enfrentar uma “votação de confiança” no parlamente inglês e perder o seu posto, abrindo um novo e incerto flanco no que diz respeito a saída da Inglaterra da União Europeia.

Diante de todo esse cenário, continuo optando por um portfólio mais neutro, com posições que visam temas específicos de investimentos. A parcela positiva continua concentrada em Brasil (Long Ibovespa, Short BRL vol, Long NTN-B na parte longa da curva), enquanto a parcela mais negativa no mercado internacional (Long JPY, Short AUD, Short JNK e HYG, tomado em juros curtos e intermediários nos EUA).


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