Dia de recuperação dos ativos de risco internacionais. Situação está longe de estabilizada.
Os ativos
externos estão chegando ao final do dia em um movimento mais correlacionado de “risk-on”,
devolvendo parte das perdas verificadas ontem. Acho que este tipo de movimento
é natural e até mesmo esperando em um ambiente como o que estamos convivendo ao
longo deste ano.
Como comentei nesta
manhã (https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/11/ativos-mostram-alguma-recuperacao.html),
não acho que a dinâmica de hoje seja uma boa sinalização para o que nos espera
pela frente. Vou esperar a nova semana para fazer uma avaliação mais concreta
em relação ao cenário prospectivo dos ativos de risco neste final de ano.
Por ora, acho que
existem argumentos em termos de valuations
que são favoráveis a manutenção dos “ranges” recentes, como explicado mais a
fundo aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/11/momento-de-definicao-de-curto-prazo.html.
Todavia, vejo um acumulo de evidências que me levam a crer que o cenário
prospectivo, estrutural, ainda seja mais desafiador para os retornos ao longo
dos próximos meses, quiçá anos, no que tange os ativos internacionais.
Um exemplo disso
é o retorno de uma cesta de ações de maior alocação por parte dos Hedge Funds
compilada pela Goldman Sachs. Segundo o banco, esta cesta apresentou um desempenho
muito pior do que o mercado nos últimos meses, da ordem de -2% do mercado (índice)
contra cerca de -9% desta cesta. Isso é importante pois mostra que o mercado
está “machucado” e deverá ter pouca disposição a tomar risco adicional, se não
for induzido a reduzir risco, em um momento de final de ano que estamos
entrando. Isso se soma a uma série de outros vetores que tanto temos comentado
neste fórum ao longo dos últimos meses.
No cenário
econômico, o Core Durable Goods nos EUA ficou abaixo das expectativas em
outubro. O Initial Jobless Claims acabou subindo mais do que o esperado pelo
mercado. Os números mostram um arrefecimento do crescimento e do mercado de trabalho,
mas ainda em níveis saudáveis. Acredito que uma desaceleração da economia dos
EUA seja esperada. Obviamente, se está desaceleração se tornar mais acentuada,
poderemos ter uma mudança importante de cenário, com consequências grandes ao
desempenho dos ativos de risco. Por ora, vejo apenas uma acomodação natural da
economia, sem sinais muito claros de uma desaceleração mais acentuada e
preocupante.
Os ativos no
Brasil tiveram um dia mais negativo, ainda digerindo as quedas verificadas
ontem nos mercados internacionais, um dia de feriado no Brasil. Segundo escutei,
parece estar ocorrendo alguma saída de fluxo do país, o que está mantendo a
taxa de câmbio próxima aos 3,80, sem muita reação ao dólar levemente mais fraco
do mundo nos últimos dias.
De fato, não
tenho visto animo por parte dos investidores estrangeiros em alocar no Brasil
recentemente. Os locais continuam alocados. Os fundos continuam sofrendo com o
desempenho errático dos ativos no Brasil, mostrando que a posição técnica ainda
é um “vento contrário” na ausência do fluxo estrangeiro.
De acordo com
artigo no FT, as discussões envolvendo a Itália ainda estão em andamento e não
parece haver nenhum avanço em direção a um consenso ou acordo. Este tema ainda
pode gerar ruídos adicionais aos ativos financeiros ao redor do mundo.
Um último e breve
comentário em relação as “criptomoedas”. Não sou e nem pretende ser um
especialista no assunto. Imagino que existam diversas explicações técnica e pontuais
para movimentos de curto-prazo nesta classe de ativos. No entanto, acredito que
a queda acentuada em seus preços ao longo deste ano é um sintoma do mesmo
problema dos demais ativos de risco.
Esta classe de
ativo ficou popular com o excesso de liquidez global. Em um momento de redução
de liquidez, nada mais natural do que está queda expressiva de preços.
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