Brasil: Sinais positivos da economia. Valuations atrativos em alguns setores.


Com o feriado nos EUA, a baixa liquidez e a ausência de novidades relevantes no cenário econômico, me dei o direito de escrever apenas um breve comentário hoje.

Primeiro, a queda dos futuros dos índices das bolsas nos EUA hoje pouca coisa representa, pela baixa participação dos investidores. Qualquer fluxo pontual e pequeno pode estar fazendo um efeito desproporcional sobre o spreços. Já comentei mais sobre isso ontem: https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/11/dia-de-recuperacao-dos-ativos-de-risco.html.

Segundo, no Brasil, a despeito do acumulo de sinais positivos na economia, ainda estamos sujeitos aos fluxos internacionais. A dinâmica do mercado de câmbio confirma o que escutei ao longo da semana: Está havendo alguma saída de recursos do país nos últimos dias. A moeda voltou a operar consistentemente acima de 3,80.

No campo econômico, a divulgação do CAGED ontem mostrou uma criação saudável de vagas no mercado de trabalho. A recuperação nesta frente tem sido devagar, porém consistente, em linha com o histórico para o mercado de trabalho ao redor do mundo. Vimos um processo semelhante ocorrer (e ainda em curso, em estágios diferentes do ciclo) nos EUA e em várias economias da Europa. A conclusão é que a recuperação continua, mas de fato ainda existe um hiato do produto relativamente aberto e poucas pressões inflacionárias do lado do emprego.

Além disso, indicadores recentes de confiança mostraram forte recuperação após as eleições, confirmando que a menor incerteza do cenário político pode ser um propulsor importante da economia nos próximos meses e ao longo de 2019.

Um gestor amigo dessa coluna fez uma observação importante recentemente, que concordo e gostaria de compartilhar (replico aqui com o devido mérito da fonte, dado que o comentário foi postado em vias públicas): Desde 2014, o P/E do Ibov, considerando estimativa 12m a frente, oscilou entre 10 e 14. Apesar da Bovespa estar próximo do nível mais alto historicamente, o P/E está próximo do low desta faixa. Usando a estimativa para eps 2019, coletado pelo bloomberg, podemos estimar quanto deveria valer o ibov pra cada P/E (10 seria 83mil, 12 seria 103 mil e 14 seria 121 mil) ao final de 2018. Interessante ressaltar que as estimativas de earnings para 2019 têm apresentado alta constante, diferentemente do período 2014-2016 que as revisões eram negativas. Isso, em geral, é um cenário aonde o P/E deveria mais próximo da banda de cima do range, diferentemente do que vemos hoje (Por David Cohen – Paineiras Investimentos).

Continuo otimista com a direção da economia do país em 2019. A longo-prazo, os ativos do país deveriam reagir e este quadro econômico positivo de maneira mais assertiva. Contudo, no curto-prazo, fluxos pontuais e o cenário externo tendem a funcionar como um “vento contrário” a este ambiente mais positivo. Assim, para investir nesta classe de ativos, é importante ter em mente o seu horizonte de investimentos e a sua necessidade de liquidez no curto-prazo.

Hoje ainda vimos um bom desempenho da Libra (GBP) na Inglaterra, na expectativa de um acordo em torno do Brexit. Já comentei sobre isso recentemente:

As negociações internas na Inglaterra continuam, enquanto o tempo corre contra eles. Houveram avanços importantes nas negociações entre a União Europeia e os ingleses, mas pontos nefrálgicos ainda precisam ser endereçados.

Minha opinião, com pouca convicção, é que um acordo, no apagar das luzes, será concretizado (mesmo que no meio do caminho tenhamos um “não acordo”), mas o caminho até lá será longo e tortuoso. Não tenho certeza, neste momento, de como este acordo será estruturado, e quais seus reais impactos para a economia da Inglaterra e suas adjacências, em especial, na Europa.

Caso um acordo seja concluído, vejo um bom upside na GBP, dado o estágio avançado do ciclo econômico do país, assim como oportunidades de tomar juros locais.



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