China: Sinais de fragilidade do crescimento continuam presentes.


Os ativos de risco operam próximos a estabilidade essa manhã, apenas com leve viés negativo, após uma semana cujo humor se mostrou mais positivo.

Como eu tenho expressado neste fórum, eu vinha acompanhando dois grandes vetores estruturais para uma mudança de dinâmica do mercado. O primeiro seria a postura do Fed em relação ao seu processo de normalização monetária, que foi em parte, ou no curto-prazo, endereçado nos últimos dias, e amplamente comentado neste espaço aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/11/minutas-do-fomc-confirmam-mudanca-de-tom.html e aqui https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/11/year-end-rally-configurado-e-reforcado.html).

O segundo diz respeito ao crescimento global e, em especial, na China e na Europa. Na noite de hoje, vimos mais uma rodada de queda do PMI Manufacturing da China, que passou de 50.2 para 50.0 pontos em novembro, abaixo das expectativas do mercado e no limiar para uma sinalização de contração da economia. O número confirma um cenário ainda de fragilidade do crescimento chinês.

Tenho insistido na tese de que a China passa por um pano de fundo em que a elevada alavancagem da economia implica em uma necessidade cada vez maior de estímulos para atingir o mesmo delta adicional de crescimento do passado. Em algum momento, uma desaceleração da economia será (ou seria) inevitável. Por ora, o cenário parece ser de um “soft-landing”. Contudo, os sinais continuam negativos e os problemas no mercado de crédito estão se acumulando. Somente ontem, vi artigo no WSJ, FT e na Bloomberg comentando sobre os desafios do mercado de crédito o país.

De maneira geral, este risco continuará no radar do investidor e poderá se colocar como uma restrição a uma tendência mais prolongada e acentuada positiva dos ativos de risco. Ainda acredito que a janela de oportunidade para o bom desempenho dos ativos de risco está aberta, mas este tipo de pano de fundo nos faz lembrar que será apenas uma janela, e não o começo de uma nova tendência de longo-prazo, visto que estamos próximos ao fim de um ciclo econômico global, com enormes desafios e obstáculos. Ontem escrevi um pouco sobre composição de portfólio neste ambiente (aqui https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/11/a-janela-de-oportunidade-continua.html).

No curto-prazo, o foco ficará para a reunião do G20. Existe a expectativa de um cessar fogo entre os EUA e a China, como matéria do WSJ mostrou na noite de ontem: https://www.wsj.com/articles/u-s-china-exploring-deal-to-ease-trade-tensions-1543508589?mod=hp_lead_pos1.

Não vi novidades relevantes no Brasil, exceto pelo avanço do debate econômico, que continua em uma direção positiva, a despeito dos desafios de implementação: https://www.valor.com.br/brasil/6006853/guedes-quer-desindexar-despesa-para-cumprir-teto e aqui https://www.valor.com.br/brasil/6006813/concessoes-podem-puxar-receita-em-2019-mas-zerar-deficit-e-desafiador.



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