Momento de definição (de curto-prazo) para os mercados financeiros globais.
No momento em que
vos escrevo, ainda faltam cerca de 2 horas para o encerramento do mercado norte
americano. As bolsas do país operam sob forte pressão, testando os “lows” deste movimento de realização de
lucros, mas ainda um pouco acima dos níveis atingidos no movimento negativo de
fevereiro.
As ADRs de
empresas Brasileiras e o EWZ operam também com quedas expressivas.
Em termos
econômicos, pouca coisa mudou e 3 grandes vetores continuam se colocando como
grandes obstáculos ao bom desempenho dos ativos de risco. Apenas a confirmação
de uma inversão desses temas será capaz de trazer uma nova perspectiva (ou uma
perspectiva positiva mais estrutural) para os ativos de risco. São eles:
- A normalização
monetária no mundo desenvolvido, e em especial nos EUA.
- Os problemas
estruturais de crescimento enfrentados pela China.
- Os sinais de
menor crescimento global, ex-EUA, em especial na Ásia e na Europa.
Saindo um pouco
do tema macro e entrando nas questões micro e de dinâmica do mercado, estamos entrando
em um momento importante, de definição, para as bolsas dos EUA (e, consequentemente,
para as bolsas globais).
Nos atuais
níveis, com o S&P abaixo de 2.700 pontos, os valuations parecem atrativos, se usarmos como premissa um
crescimento ainda saudável do mundo e algum crescimento, mesmo que moderado,
dos lucros das empresas.
Contudo, a minha
experiência mostra que as correções mais acentuadas dos ativos de risco como um
todo (seja ações, FX, juros, commodities e etc) costumam começar desta forma
(com valuations que parecem baratos e
um pano de fundo que parece positivo) e, somente depois, entram em uma espiral
mais negativa.
O momento é importante
porque nos ciclos de baixa, o mercado deixa de fazer o tipo de conta e/ou valuation que escrevi acima, e passa a
operar em uma dinâmica de pânico, busca por liquidez e fuga de ativos de risco,
deixando, mesmo que temporariamente, os valuations
e as planilhas de lado.
Meu ponto aqui é
que olhar preços e valuations é
importante no longo-prazo. Na maior parte das vezes, eles acabam sendo
importantes para colocar algum piso no mercado. Todavia, em alguns casos (raros
mais existentes em números elevados ao longa da história) a psicologia do
mercado de sobrepõe a questões fundamentais.
É por isso que
comecei este texto colocando o momento como fundamental para a direção dos
ativos de risco ao redor do mundo até o final deste ano. Ou os “ranges”
recentes serão confirmados (diria algo em torno de 2.600-2.900 no S&P) ou
poderemos ver uma correção maior (acima dos 10%, mas perto dos 20% nos índices,
já que muitas ações já apresentaram quedas maiores do que essas ao longo deste
ano).
Sigo com meu viés mais cauteloso e negativo
com relação ao cenário global. Contudo, aproveitaria o momento para reduzir um
pouco as recomendações negativas das carteiras (Long JPY, Short AUD, Long Ouro,
Short JNK e HYG). Essa administração de tamanhos e instrumentos dos portfólios
tem sido fundamental ao longo deste ano e em um ambiente, que acredito que irá
continuar, de maior volatilidade dos ativos de risco. A direção me parece
clara, mas o momento de mercado, ainda de incerteza (positiva e negativa) tem
mostrado a importância da administração ativa do portfólio.
Se eu tivesse que escolher uma posição para
manter e em tamanho elevado, escolheria a posição Long JPY e via opções. Acho
que compõe bem qualquer portfólio. Primeiro, via opções pois as vols implícitas
ainda me parecem baixas vis-à-vis as vols de outras classes de ativos. A compra
da moeda poderá funcionar em alguns cenários: Em um eventual dólar fraco no mundo, em um
eventual movimento de “risk-off” mais acentuado, em uma eventual mudança de
política monetária por parte do BoJ. O risco para a posição é a continuidade do
movimento de abertura de taxas de juros nos EUA, que costuma operar em direção
oposta a moeda japonesa.
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