Menor crescimento global, retornos prospectivos mais parcos. Inflação no Brasil segue baixa e controlada.


Os ativos de risco ao redor do mundo estão passando uma mensagem, que me parece cada vez mais inequívoca, e que agora começa a ser confirmada pelos dados econômicos, de desaceleração do crescimento da economia mundial. Um ambiente de queda generalizada das commodities, queda nos preços das bolsas, dólar forte, fechamento de taxa de juros no mundo desenvolvido e pressão nos ativos emergentes.

A divulgação do fraco PMI na Europa, comentado neste fórum hoje cedo (aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/11/europa-novos-sinais-de-desaceleracao-do.html) ajudou a dar ímpeto a esses movimentos. A divulgação do Markit PMI nos EUA, também abaixo das expectativas, atuou na mesma direção.

No Brasil, o desempenho dos ativos locais mostra sinais semelhantes. Na bolsa local, vemos forte pressão nas ações e setores mais dependentes da demanda e do crescimento global, como o setor de commodities em geral (Vale, Petro, Siderúrgicas e etc). Está dinâmica está alinhada com o meu comentário de ontem de que, no curto-prazo, não adianta os valuations estarem atrativos e o cenário local caminhar na direção correta se o cenário externo permanecer desafiador e não houver fluxos para os ativos brasileiros.

Por outro lado, o IPCA-15 ficou abaixo das expectativas, com alta de 0,19% MoM e 4,39% YoY. A média dos núcleos ficou abaixo de 3% e o índice de difusão próximo a 50%. Em linhas gerais, não parece haver qualquer tipo de pressão inflacionária na economia, o que justifica a ancoragem das taxas de juros no país. Neste momento, dado a incerteza do cenário externo e o ambiente ainda construtivo de inflação corrente baixa, nos atuais níveis de preço e posição técnica, a postura mais prudente me parece ser não ter posições relevantes e/ou estruturais no mercado local de juros.

A queda das “criptomoedas” continua de maneira galopante. Sigo acreditando que isto é apenas mais um sintoma da redução da liquidez global, que agora começa a ser acompanhada por outras classes de ativos.

Para que o pano de fundo negativo se inverta de maneira estrutural, ainda acredito que precisaremos observar, ou uma sinalização de encerramento do processo de normalização monetária por parte do Fed, ou uma estabilização mais permanente do crescimento global ex-EUA, em especial na China, Ásia e adjacências. Por ora, nenhum desses vetores parece estar perto de ocorrer. Assim, movimentos pontuais e localizados de recuperação podem ocorrer, por questões técnicas e fluxos pontuais, mas vejo com dificuldade uma mudança estrutural de dinâmica e pano de fundo. Precisamos, contudo, ter flexibilidade e liquidez para alterar essa visão caso alguns desses vetores se altere.


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