Terá o rally das bolsas dos EUA acabado?


Ainda temos cerca de uma hora para o fechamento das bolsas nos EUA, mas me darei o direito de um “early close”, ou fechamento antecipado, devido ao longíssimo feriado prolongado no Brasil. Mas não se preocupem, estarei ativo dentro do possível e razoável.

Primeiro, após uma sequência de “under” performance, os ativos do Brasil foram o destaque positivo do dia, certamente ajudadoa pelo fechamento de taxa de juros nos EUA e o movimento de dólar mais fraco no mundo. Acredito que posição técnica do mercado ainda esteja sendo fundamental nos movimentos de curto-prazo dos ativos do país (https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/11/posicao-tecnica-mercados-brasileiros_13.html).

Segundo, o dia foi marcado por forte pressão nos ativos norte-americanos, com queda das bolsas, queda do dólar e queda das taxas de juros. Eu não acredito que a economia dos EUA esteja em um caminho mais negativo que justifique estes movimentos de maneira mais estrutural. Contudo, vejo sim enormes barreiras para a continuidade do movimento de alta das bolsas do país, que ficam evidentes a cada novo dia.

Após uma temporada de resultados mais mista, começamos a ver sinais mais preocupantes de demanda e margem em alguns setores da bolsa americana, além de notícias mais esporádicas em torno de algumas empresas, como foi o caso de GE, Apple, entre outros, que vão se acumulando. Tendo a acreditar que ainda não seja o momento do “grande sell-off”, mas acredito que a tendência seja mais negativa, ate que aqueles vetores que cansei de citar neste fórum sejam endereçados (vide aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/11/virando-pagina-cenario-externo-continua.html).

Ainda nos EUA, o Core CPI apresentou alta de 0,2% MoM em outubro, dentro das expectativas, mas com alta de 2,1% YoY, levemente abaixo do esperado. Com o mercado de trabalho ainda extremamente aquecido, no pleno emprego e com o hiato do produto fechado, não será este número que irá alterar a trajetória de normalização monetária do Fed.

Sobre a China, o outro vetor estrutural que tenho olhado com enorme cuidado, comentamos mais a fundo pela manhã. Novamente, sem alterações substanciais no cenário de cautela (https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/11/china-sinais-de-estabilizacao-de-curto.html).

A Itália continua em situação indefinida, já que o novo governo italiano insiste em um déficit superior aquele permitido pelas regras da União Europeia.

O México começa a ser governado por plebiscito, em uma situação bastante peculiar. Após os investidores passarem grande parte do ano perdendo dinheiro em alocações na Argentina, Turquia e afins, chegou a vez do México, um país relevante e de tamanho expressivo nas carteiras de investidores dedicados em emergentes.

Em suma, o cenário segue desafiador e negativo. Minhas recomendações nesta frente continuavam a ser via compra de Ouro (calls), compra de JPY (calls), venda de AUD (put-spreads), venda de JNK e HYG (puts) e “vender eventuais rallies” do S&P.

Na ponta mais otimista, para balancear portfolio, posições compradas em Ibovespa. Um hedge barato em Brasil, a despeito do curto-prazo contrário a posição, seriam compra de inflação implícita na parte intermediária da curva e posição tomada em juros nominais na parte curta da curva. São posições “contrarians” para o momento de inflação no Brasil, mas que vejo com risco/retorno extremamente atrativos.


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