Sem respiro.

Eu vou acabar parecendo uma vitrola quebrada, mas o dia foi novamente de pressão nos ativos de risco, com destaque especial para a queda de mais de 7% no preço do petróleo. Não sou especialista no tema, mas até onde sei existia um consenso em torno de preços mais elevados e uma posição técnica aparentemente pouco saudável nesta direção. Juntando isso ao pano de fundo do ano, em que várias posições consensuais foram aos poucos sendo dizimadas, vimos uma queda recente em torno de 25% no preço da commoditie.

O cenário econômico global segue basicamente inalterado e já foi amplamente comentado neste fórum nas últimas semanas (quiçá meses). Vide um resumo aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/11/virando-pagina-cenario-externo-continua.html.

No Brasil, a dinâmica de preços comprova minha tese de que o local continua alocado e o investidor estrangeiro resiste em “comprar Brasil”. A alta do dólar, que fechou acima de 3,80 e a queda da bolsa apontam nessa direção (comentei sobre isso aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/11/posicao-tecnica-mercados-brasileiros_13.html).

A curva de juros segue relativamente ancorada a um cenário de inflação corrente e perspectiva baixa, a despeito de leve movimento recente de “steppening”.

As vendas no varejo do país de setembro ficaram bem abaixo das expectativas, com queda de 1,3% no mês contra expectativas de queda de 0,2%. A despeito da surpresa negativa, as perspectiva de recuperação da economia ainda me parecem favoráveis.

Em suma, mais um dia de cenário externo desafiador e sem mudanças estruturais no cenário. No Brasil, a despeito das sinalizações positivas e das boas intensões, teremos dificuldades em ver uma tendência mais prolongada e otimista na ausência de uma melhora do cenário externo, e/ou preços mais atrativos e/ou um fluxo mais relevante, especialmente do investidor estrangeiro.

Dois temas me parecem relevantes para esta eventual mudança de cenário: a sinalização do potencial encerramento do ciclo de ajuste monetário nos EUA – que me parece muito distante – e uma estabilização mais clara da economia da China – que pode ser provável, mas está longe de ser trivial. Os dados de agregados monetários do país divulgados hoje vieram abaixo das expectativas, aumentando os sinais de alerta.

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