Turquia e China: Sintomas de uma mesma "doença".
A terça-feira foi de forte
recuperação, na média, dos ativos de risco, capitaneados por uma recuperação
dos ativos na Turquia. A despeito da
melhora nos mercados emergentes, os ativos mais dependentes da demanda da China apresentaram pressão negativa,
após mais uma rodada de dados fracos de crescimento. Os ativos no Brasil basicamente seguiram o humor
global a risco, ou seja, apresentaram forte recuperação. Acredito que o cenário
externo explica integralmente este movimento.
Os mercados financeiros globais
parecem migrar de um problema (Turquia) para outro (China), sem que o problema
anterior seja definitivamente endereçado. Porém, ainda não há sinais claros de
contágio, com alguns ativos de risco em níveis historicamente elevados (bolsas
americanas, por exemplo).
Continuo acreditando que os
obstáculos recentes enfrentados por alguns países são meramente sintomas da
redução de liquidez global que vem sendo efetuada pelo Fed, e que deverá ser
seguida por outros importantes bancos centrais ao redor do mundo. Não vejo, em
especial o Fed, alterando essa dinâmica. Assim, acredito que será desafiador
para os ativos de risco apresentarem apreciações adicionais de preços ao longo
dos próximos meses, exceto por momentos pontuais de aparente calmaria, com uma
probabilidade alta de um cenário de maior volatilidade e de maior pressão nos
preços e valuations dos ativos de risco.
Eu vejo o movimento de hoje apenas
como uma acomodação, que costuma ser natural, em momentos de maior incerteza,
em que o cenário (negativo) ainda não está muito claro ou definido.
Não vejo as medidas anunciadas pela Turquia até o momento como suficientes
para estabilizar a situação do país de maneira definitiva. Ainda espero
incerteza vindas nesta frente, apesar de entender que os canais de contágio não
são muito claros e/ou tão grandes assim.
Pela primeira vez em algum tempo a
situação econômica e financeira da China
aparenta ser um pouco mais grave do que as situações anteriores. Além de um
ambiente externo mais hostil, de menor liquidez global e “guerra comercial”, o
país precisa lidar com um menor espaço para afrouxamento monetário, fiscal e
creditício, em uma economia claramente alavancada. Este pano de fundo, por ora,
está impedindo que as medidas recém implementadas sejam capazes de conter os
movimentos de depreciação dos ativos locais, como ocorria de maneira recorrente
em situações passadas. Este cenário, assim, merece atenção especial e pode ser
o principal tema dos mercados nos próximos dias/semanas.
Este ambiente tem levado a uma queda
acentuada de algumas commodities metálicas, como é o caso do Cobre. Contudo, o
movimento, até o momento, se mostra bastante localizado e sem sinais mais
claros de contágio. As volatilidades implícitas no mercado de opções (FX e
Equities) seguem historicamente baixas e outros mercados ao redor do mundo não
mostram qualquer sinal de problemas.
Continuo com uma visão mais cautelosa
com o cenário externo, pelos motivos que vêm sendo amplamente citados neste
fórum nos últimos meses (normalização monetária, China, “guerra comercial”,
preços/valuations, posição técnica e afins). No Brasil, não tenho nenhuma
convicção em relação ao resultado das eleições. Acredito que a corrida
eleitoral será apertada e permeada de incerteza e volatilidade para os mercados
financeiros locais. Os portfólios, assim, segue
mais táticos do que alocativo, mais líquido e simples, com a administração mais
ativa do que a média do tamanho e dos instrumentos das alocações.
Bom dia ...
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