Risk-On!


A sexta-feira foi de alívio para os ativos de risco, com os ativos no Brasil se destacando no movimento.

Primeiro, a China anunciou medidas visando encarecer as “apostas” contra a sua moeda, o que ajudou a estabilizar o CNY ao longo do dia. O aumento do compulsório para operar a moeda do país já foi utilizado no passado, sem muito sucesso em mudar a direção do movimento, porém capaz de suavizar a depreciação.

Segundo, os dados de emprego nos EUA mostraram, ou confirmaram, um mercado de trabalho bastante aquecido e no pleno emprego.

A reação dos mercados de dólar mais fraco no mundo e fechamento de taxas de juros me parece um movimento mais técnico do que fundamental. Os números recentes mostram uma economia saudável, talvez que já tenha feito seu pico de crescimento, mas sem sinais claros de desaceleração acentuada, em meio a um mercado de trabalho robusto e acumulo de pressões inflacionárias, mesmo que de maneira apenas gradual.

Não vejo mudanças substanciais neste ambiente, mas entendo que a ausência de pressões inflacionárias mais acentuadas, em meio a um crescimento sólido, ajuda a passar a impressão de um cenário tranquilo e de “Goldilocks”.

No Brasil, além desses vetores externos, as recentes articulações de Alckmin, candidato do PSDB a presidente, e considerado pelo mercado como o candidato mais preparado para tocar as reformas econômicas necessárias ao páis, levaram a um otimismo em relação a sua campanha.

Assim, o dia foi de forte queda do dólar, alta na bolsa (ajudada por um resultado corporativo positivo de Petrobrás) e flattening da curva de juros.

Entendo que, como já comentado neste fórum, o apoio do “Centrão” a Alckmim e, agora, a escolha de uma candidata a vice-presidente da região Sul, ligada ao agronegócio e engajada nas redes sociais, coloca o candidato do PSDB em posição vantajosa na corrida eleitoral, mas ainda não muda dramaticamente o cenário de enorme incerteza que cerca a disputa para presidente do país.

De maneira geral, não vejo alterações relevantes no cenário, a despeito de uma dinâmica de preços mais positiva nos últimos dias (em especial hoje). No Brasil, ainda pretendo manter baixa alocação a risco no geral devido as incertezas eleitorais, buscando posições que me parecem assimétricas (inflação implícita) e com postura tática no câmbio e na bolsa.

No cenário externo, continuo acreditando na alta de juros das taxas norte americanas. Gosto de manter hedges via compra de vol em índices de bolsa e pequena posição vendida em AUD via opções (compra de vol com perda limitada) como proxy para os problemas enfrentados pela China.

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