Relatório Semanal de Asset Allocation:
Cenário
Econômico:
Brasil – As pesquisas eleitorais divulgadas nos
últimos dias mostraram pouca variação nas intenções de voto para presidente,
com o cenário de indefinição mantido e a candidatura de Alckmin, vista pelo
mercado como a mais provável de implementar as reformas necessárias à economia,
ainda patinando e com pouca competitividade no primeiro turno.
Entendemos que o início da campanha
eleitoral na tv poderá trazer mudanças nesse quadro, mas não temos certeza que
o modelo de campanha este ano (mais curto, com menos recursos e com inserções
ao longo do dia) terá o mesmo impacto do que em eleições passadas. Continuamos
a vislumbrar uma campanha bastante indefinida, com cerca de 5 candidatos
podendo apresentar entre 10% e 20% das intenções de voto, deixando a decisão do
segundo turno para muito próximo das vésperas do dia da eleição.
Diante deste quadro, e após a
reprecificação dos ativos do país, recomendamos a redução das exposições
negativas ao Brasil. Seguimos com uma recomendação de posição estrutural, porém
menor, comprada em inflação implícita. Gostamos de recomendar a alocação de
pequenas exposições em posições assimétricas, como em call-spreads de Ibovespa,
para um eventual “relief rally” do mercado nas próximas semanas.
EUA – Na nossa visão, o discurso de Powell – presidente do Fed
– na sexta-feira, foi neutro. A despeito da interpretação de vários agentes de
mercado de que suas declarações foram “dovish” para a política monetária de
curto-prazo, não concordamos com essa visão lendo as Minutas do FOMC e os
sinais emitidos por Powell. O Fed está totalmente “dependente dos dados” no
curto-prazo, a despeito de todo o debate estrutural (de longo-prazo) no tocante
a taxas de juros mais baixas do que no passado. Mantido o cenário corrente, o
Comitê seguirá com o processo de altas de 25bps a cada trimestre e a redução
“automática”, pré-anunciada, de seu balanço.
No campo político, Trump passa por seu
momento mais delicado de seu mandato, com importantes figuras de sua campanha
sendo investigadas. Nos impressiona como estes eventos têm feito algum preço no
mercado de câmbio, mas pouco impacto no mercado de juros e bolsa. Acreditamos
que isso possa ser explicado pela posição técnica, que talvez tenha ficado
excessivamente comprada em dólar no mundo.
Seguimos recomendando posições tomadas
em taxa de juros na parte intermediária da curva e com estruturas de opção,
como proteção (hedge) em índices de bolsa do país.
NAFTA – Segundo a mídia internacional, um
acordo pode ser anunciado em breve.
China – As reuniões entre EUA e China esta
semana foram inconclusivas e não avançaram. Os EUA sinalizam que irão continuar
com sua pressão para que os chineses alterem sua postura no tocante à política
comercial. Tudo indica que este tema seguirá no radar do mercado no horizonte
relevante de tempo. Há a chance da situação piorar antes de melhorar em
definitivo.
Na sexta-feira, o país anunciou medidas
que dão mais liberdade ao PBoC para guiar a taxa de câmbio, levando a uma forte
apreciação da moeda (CNY). A medida gerou um “short squezee” no mercado,
e deverá ajudar na administração da velocidade de depreciação da moeda, mas
dificilmente será capaz de alterar sua direção, caso o cerne dos problemas
chineses não seja endereçado.
A situação do país ainda demanda
cautela. As medidas recentes ajudam a administrar a velocidade de deterioração
da economia, mas ainda há dúvidas se serão capazes de alterar de maneira mais
estrutural a direção da economia.
Turquia – Após uma semana de feriado e de
dinâmica internacional mais amena, o país poderá retornar às atenções do
mercado. A despeito das medidas recentes, os problemas estruturais do país
ainda não foram de fato endereçados.
Continuamos com uma visão externa cautelosa e com
posições que expressam esta visão, a despeito da relativa (ou aparente)
estabilidade que alguns mercados possam ter demonstrado ao longo de julho e
deste começo de agosto.
Diante
de todo o exposto, optamos por não alterar nossas recomendações mais neutras
para os portfólios que visam o longo-prazo, buscando o ganho de alpha em
posições ou alocações mais específicas.
Alocação/Estratégia:
Juros
- Preferimos estar neutros nas curvas nominais e reais de juros,
pois vemos o risco/retorno como não atrativo. Vemos pouco prêmio de risco no
mercado de juros diante de um ambiente global mais desafiador, eleições
internas incertas, um câmbio próximo aos níveis mais desvalorizados da história
em termos nominais e uma inflação que parece ter feito o seu piso.
Câmbio
- Continuamos sem recomendações estruturais para o mercado de
câmbio. O menor carrego da moeda, o cenário externo mais desafiador e o cenário
eleitoral ainda indefinido deverão manter o câmbio com elevada volatilidade e
em patamares mais depreciados do que o imaginado anteriormente.
Renda
Variável/Bolsa - Assim como no mercado de juros, preferimos estar com posições
neutras (ou em torno da média) no mercado de renda variável. Estamos optando
por fundos com menor “beta” ao mercado e que priorizem ações de valor e/ou com
boa previsibilidade de resultados, como alguns fundos de dividendos.
Fundos
Estruturados - Continuamos com recomendações acima da média para fundos multimercados.
Gostamos de gestores que historicamente conseguem gerar alpha em mercados
externos, e/ou que mostrem menor dependência a temas específicos, como a queda
de juros no Brasil.
Fundos
de Investimento no Exterior - Finalmente, acreditamos
que existe espaço para fundos de investimento no exterior com viés neutro ao
“beta” do mercado, como fundos long-short neutros, fundos macro, CTA e etc, nos
quais a escolha do gestor seja um gerador maior de retorno do que a direção do
mercado em si.
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