Problemas pontuais e localizados. Há risco de contágio da China.
Obs: Como o relatório mensal foi
enviado no meio da semana passada, excepcionalmente hoje não teremos o envio do
relatório semanal.
A semana trouxe poucas novidades
relevantes para o cenário econômico, com uma agenda esvaziada, exceto pela
queda do Factory Orders na Alemanha, já comentada pela manhã (https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/08/china-ainda-mostra-fragilidade.html).
Do ponto de vista da dinâmica dos
mercados, contudo, tivemos alguns sinais relevantes, que comentaremos a seguir.
Por ora, estou observando problemas pontuais e localizados (Turquia, China,
Commodities Metálicas, Itália e etc), que estão sendo tratados pelo mercado
como questões idiossincráticas.
Contudo, no que diz respeito a China,
caso não haja uma reversão clara e definitiva dos movimentos recentes (queda
das bolsas, depreciação do câmbio, desaceleração da economia, fechamento de
taxas de juros e afins) acredito que haja espaço para algum tipo de contágio
aos demais mercados financeiros globais.
Pela primeira vez em algum tempo a
situação econômica e financeira da China aparenta ser um pouco mais grave do
que as situações anteriores. Além de um ambiente externo mais hostil, de menor
liquidez global e “guerra comercial”, o país precisa lidar com um menor espaço
para afrouxamento monetário, fiscal e creditício, em uma economia claramente
alavancada. Este pano de fundo, por ora, está impedindo que as medidas recém
implementadas sejam capazes de conter os movimentos de depreciação dos ativos
locais, como ocorria de maneira recorrente em situações passadas. Este cenário,
assim, merece atenção especial e pode ser o principal tema dos mercados nos
próximos dias/semanas.
Este ambiente tem levado a uma queda
acentuada de algumas commodities metálicas, como é o caso do Cobre. Contudo, o
movimento, por hora, se mostra bastante localizado e sem sinais mais claros de contágio.
As volatilidades implícitas no mercado de opções (FX e Equities) seguem
historicamente baixas e outros mercados ao redor do mundo não mostram qualquer
sinal de problemas.
Na Turquia, a moeda do país
apresentou depreciação adicional de 4,5%, já de níveis historicamente
depreciados. Além de uma situação econômica fragilizada, o país precisa lidar
agora com a possibilidade de sanções por parte dos EUA.
Na Itália, os papeis soberanos do
país continuam com dinâmica ruim e forçando o Tesouro a atuar visando reduzir a
volatilidade dos mercados locais.
No campo positivo, os mercados norte
americanos continuam mostrando estar saudáveis, com as bolsas próximas aos
picos recentes. A temporada de resultados corporativos e a demanda por empresas
do setor de tecnologia estão ajudando a dar suporte aos ativos locais.
No Brasil, o dia foi de leve
realização de lucros nos mercados de câmbio e renda variável, sem notícias
relevantes. O quadro eleitoral deverá tornar os ativos locais mais sensíveis e
elásticos a qualquer notícia política, com o cenário externo como pano de
fundo.
Continuo com uma visão mais cautelosa
com o cenário externo, pelos motivos que vêm sendo amplamente citados neste
fórum nos últimos meses (normalização monetária, China, “guerra comercial”, preços/valuations,
posição técnica e afins). No Brasil, não tenho nenhuma convicção em relação ao
resultado das eleições. Acredito que a corrida eleitoral será apertada e
permeada de incerteza e volatilidade para os mercados financeiros locais.
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