Sem avanços positivos. Viés continua negativo e preocupante.
Os ativos de risco tiveram uma noite
de dinâmica negativa, liderados por mais uma deterioração no sentimento em
relação a China. Os índices de bolsa
do país caíram, na média, mais de 2%, com nova depreciação cambial. As
commodities metálicas não preciosas operam sobre forte pressão como o Cobre, por exemplo, recuando 2% neste
momento. OS demais ativos mais dependentes da demanda do país continuam com price-action preocupante. Comentei um
pouco mais sobre o cenário da China na noite de ontem (https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/08/turquia-e-china-sintomas-de-uma-mesma.html).
Na Turquia, após a moeda depreciar quase 5%, o governo limitou a
capacidade dos bancos de apostar contra a Lira (TRY), o que acabou levando a
uma forte reação positiva da moeda, que aprecia em torno de 3% neste momento.
Além disso, o governo anunciou aumento de tarifas de bens americanos.
Continuo acreditando que as medidas
adotadas até agora são apenas paliativas, capazes de reduzir a velocidade de deterioração
da depreciação cambial, mas incapazes de alterar definitivamente o quadro
econômico e financeiro do país. A situação me lembra bastante o roteiro seguido
pela Grécia na crise de 2011-2012. O país, antes de anunciar medidas de ajuste
fiscal, monetário e creditício, além de negociar um pacote de ajuda junto ao
FMI, tentou de todas as maneiras restringir as “vendas a descoberto” (short sell)
na bolsa, nos bonds (CDS) e afins. Após uma situação calamitosa, foi obrigada a
tomar a nem sempre fácil decisão de um ajuste econômico, que necessariamente
implica em grande pressão negativa em termos de crescimento, com consequências políticas
óbvias.
Continuo
vendo a situação corrente como extremamente frágil e preocupante, mantendo um
viés negativo no curto-prazo. Vejo o Brasil inserido neste contexto, sem grandes
novidades locais relevantes. As pesquisas eleitorais serão importantes e terão
efeitos no preço, mas o ambiente externo parece que irá dominar no curto-prazo.
Na agenda do dia, teremos uma rodada
importante de dados nos EUA, com vendas no varejo, Unit Labor Cost e produção industrial.
Vejo a economia americana relativamente robusta e ainda imune ao ambiente
global, o que deverá manter o Fed em sua trajetória de normalização monetária,
o que não deixa de ser o principal vetor causador de todos esses obstáculos de
curto-prazo a economia e aos mercados financeiros globais.
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