Dólar forte e pressão nas commodities. Sintomas de uma mesma "doença".
O destaque desta manhã está por conta
de mais uma rodada de alta do dólar, pressão nas commodities e depreciação dos
ativos emergentes. Na minha visão, estes movimentos são apenas sintomas da mesma
“doença”, ou seja, do processo de normalização monetária nas economias
desenvolvidas, com o Fed, nos EUA, sendo o banco central em estágio mais avançado
neste processo.
Como as Minutas do FOMC ontem apenas
reforçaram a manutenção deste ambiente (https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/08/brasil-volatilidade-alta-deve-continuar.html),
não me parece haver motivos para alterar de forma estrutural este pano de fundo.
Uma eventual melhora da posição técnica e nos preços e valuation pode gerar “relief
rallies” pontuais, mas sem a alteração definitiva do pano de fundo descrito
acima, estes vetores serão capazes de estabilizar os mercados apenas de maneira
pontuais e pouco acentuadas, como vimos no caso do dólar nos últimos dias.
Continuo posicionado para este
ambiente com portfólios mais conservadores, comprado em inflação implícita nos Brasil,
tomado em juros nos EUA e com hedges via estruturas de opção em índices de
bolsa nos EUA. Aqui, vale um comentário:
O processo de deterioração dos ativos
de risco que estamos observando está concentrado nas economias emergentes.
Contudo, acredito que, conforme este cenário for maturando, mais cedo ou mais
tarde, deveria afetar a dinâmica dos mercados nos EUA. Entendo que seja apenas
a segunda derivada do processo, especialmente com o pano de fundo para as
bolsas dos EUA ainda bastante construtivo (valuations “atrativos”, crescimento
de “earnings”, economia com crescimento sólido, emprego robusto, inflação
subindo apenas gradualmente e etc). Com as vols implícitas baixas e a
diversidade de obstáculos globais que se colocam no cenário corrente (China,
Turquia, Itália, Argentina, Brasil, Commodities e etc) vejo um risco\retorno
razoável para ter este tipo de hedge nas carteiras, já que posições semelhantes
nos mercados emergentes deixaram de parecer assimétrias (ou baratas) com a alta
recente das volatilidade implícitas.
Na Europa, as prévias dos PMIs
mostraram estabilização do crescimento, com os números em linha com as expectativas.
Os números de hoje reforçam um quadro de crescimento estável da economia da
região, reduzindo um risco de curto-prazo de uma nova rodada de desaceleração
da economia.
Na Austrália, o país está passando
por um momento de incerteza política, o que está pressionando o AUD essa manhã.
A moeda da China voltou a apresentar
depreciação, em linha com o movimento global. O cenário para o país ainda
demanda extrema cautela.
Não há novidades relevantes no Brasil.
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