Keep your seatbelt fastened!


Os ativos de risco tiveram ontem um dia de pressão negativa generalizada. Tenho insistido no ponto (vide aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com/) que o processo de normalização monetária nas economias desenvolvidas e, principalmente, nos EUA, aliada ausência de reformas estruturantes nos países emergentes e o excesso de fluxo para esses países e ativos ao longo dos últimos anos têm sido os principais responsáveis por esta dinâmica mais negativa de alguns ativos de risco.
Mantenho essa opinião e ainda não vejo motivos para inversão de tendência, exceto de maneira pontual e que tenho cunhado como “relief rallies”.
Nesta linha, os dados econômicos divulgados nos EUA ontem apenas reforçam a necessidade de manutenção do ciclo de normalização monetária nos EUA. O Core CPE subiu 0,2% MoM e 2,0% YoY, dentro das expectativas do mercado e em linha com a meta do Fed. O Jobless Claims permaneceu em seu patamar mais baixo de várias décadas, mostrando um mercado de trabalho robusto, com hiato do produto fechado e uma economia que pode ser vista no pleno emprego.
Ao longo da tarde a mídia internacional trouxe comentários de Trump, que sinalizou para a ideia firme de implementar tarifas em mais cerca de US$200bi de produtos chineses, além de sinalizar que acha insatisfatório a oferta da Europa de retirar tarifas de automóveis. Segundo Trump, o acordo entre EUA e Europa deve ser mais amplo, pois os europeus culturalmente não compram veículos norte-americanos. Os comentários trouxeram novamente tona o risco da “guerra comercial” ao cenário.
Hoje pela manhã, estamos observando alguma estabilização dos ativos emergentes, mas em um pano de fundo de manutenção da fragilidade, com os problemas começando a “espirrar” para alguns ativos que até então pareciam “blindados” dos problemas, como as bolsas dos EUA.
No Brasil, seguimos sem novidades no campo econômico. Hoje teremos mais uma “pesquisa” (tracking eleitoral) divulgada pela XP investimentos.
Por preço e nível, optamos por reduzimos pouco mais nossa posição de compra de inflação implícita ontem. Neste momento estamos com baixíssima alocação a risco a ativos no Brasil. Seguimos tomados em juros nos EUA, com hedges via estruturas de opção para eventuais quedas das bolsas do país.
Ainda no Brasil, após forte depreciação cambial, com o BRL atingindo patamar superior a 4,2 ao longo do dia, o BCB optou por intervir com leilão de venda de US$1.5bi. A decisão acabou levando a moeda a um patamar mais moderado em torno de 4,15.
No atual cenário, o mercado já embuti uma alta de cerca de 100bps nas próximas reuniões (3) do Copom. Na minha opinião, o cenário externo hoje é definitivamente diferente do cenário externo de alguns poucos meses, ou alguns dias, atrás. Assim, quanto antes o BCB iniciar um ciclo de alta de juros, menor e mais moderado deverá ser este ciclo. Entendo que existe uma eleição no meio do caminho, mas acredito que seria o certo a ser feito diante da mudança brusca do cenário internacional e do patamar da taxa de câmbio. Acredito que as expectativas de inflação medidas pelo Focus estão atrasadas e reprimidas pelos economistas à espera das eleições e não são mais um bom indicador neste momento.
A Argentina elevou os juros de 45% para 60% mas foi incapaz de segurar a cotação de sua moeda. O país passa por uma de suas grandes crises e ainda me parece longe de uma solução definitiva.
Na China, o PMI subiu de 51,2 para 51,3 pontos em agosto, mostrando alguma estabilização da economia do país. Acredito que a situação chinesa ainda demanda enorme cautela e que os problemas do país, desta vez, demandarão medidas mais agressivas para serem endereçados de maneira definitiva ou mais prolongada.
Na Europa, a inflação apresentou leve desaceleração, como já havia sinalizado os dados abertos por países. A inflação na região continua contida, o que deverá permitir ao ECB agir com extrema cautela no processo de normalização monetária.


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