Cenário segue desafiador.
Não houve mudanças significativas no cenário
externo ao longo do dia, já comentando (aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/08/keep-your-seatbealt-fastened.html)
desde a semana passada.
Continuo vendo a situação da Turquia de
maneira extremamente frágil. Só vejo medidas agressivas e ortodoxas como capazes
de reverter de maneira definitiva a situação do país. Qualquer outra medida,
como as anunciadas hoje, será vistas apenas como paliativas, capazes apenas de
promover acomodações pontuais no mercado.
Isto tudo ocorre em um pano de fundo
em que o Fed, nos EUA, deverá manter seu “plano de voo” de normalização
monetária, dado que a situação nos países emergentes, por ora, deverá afetar
pouco o cenário interno, com mercado de trabalho robusto, pleno emprego, hiato
do produto fechado e acumulo de pressões inflacionárias. Ou seja, desta vez, a “fed
put” está muito mais “fora do dinheiro” do que no passado recente.
No Brasil, a tarde foi de recuperação
dos ativos locais. Vejo duas explicações possíveis. Primeiro, a expectativa de
alguma intervenção do Tesouro ou do BCB nos mercados de câmbio e dívida pública,
após declarações para acalmar o mercado. Segundo, algum possível rumor de
pesquisa eleitoral.
Continuo vendo um cenário interno de
enorme incerteza eleitoral, cujo o quadro pouco se alterou nos últimos meses.
Dito isso, mantenho uma postura
tática e defensiva. No Brasil, a única posição estrutural segue sendo a compra
de inflação implícita, cuja assimetria me parece muito atraente (não veja a
inflação muito abaixo de 4% em cenários positivos e muito acima de 4,5%-5% em
cenários alternativos). Sigo com viés tático no dólar e sem muita atuação no mercado
de renda variável.
No cenário externo, reduzimos
taticamente algumas apostas negativas, após o VIX testar os 15%. Depois de uma
forte alta do dólar, zeramos a posição short AUD taticamente, mas mantivemos
posição tomada nos juros dos EUA, com hedges via estruturas de opção de índices
de bolsas dos EUA (S&P, Nasdaq e compra de VIX).
Continuo esperando um ambiente de
elevada volatilidade, que deve favorecer postura mais tática em detrimento a
posições alocativas. No curto-prazo, sigo com viés mais negativo, até ter uma
visibilidade melhor de uma eventual estabilização da situação na Turquia e nos
demais países emergentes.
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