Contágio.
Os ativos de risco estão abrindo a sexta-feira sobre forte pressão, com um movimento clássico de risk-off. Bolsas e commodities em queda, dólar forte no mundo e depreciação dos ativos emergentes.
O trigger para o movimento de hoje parece estar sendo a rápida e acentuada depreciação (adicional) da Lira (TRY) na Turquia. A moeda hoje cai, neste momento, cerca de 7% contra o dólar.
Contudo, sinais de problemas idiossincráticos em vários países e classes de ativos já vinham sendo percebidos (e comentados neste fórum) há algumas semanas. Apenas para citar alguns: forte depreciação da moeda da China e queda de sua bolsa, problemas na Itália, a própria Turquia, acentuada depreciação do Cobre e etc.
Estes vetores estavam sendo vistos como pontuais e localizados, mas passaram a gerar um contágio maior esta manhã.
O pano de fundo para este ambiente, na minha opinião, é a redução da liquidez global através do processo de normalização monetária das economias desenvolvidas, um processo que deverá perdurar ainda por algum tempo, caso meu cenário base esteja correto.
Assim, continuo vendo um ambiente externo mais desafiador no horizonte relevante de tempo, com os ativos de risco mantendo um perfil de "stop-and-go", ou seja, momentos de aparente tranquilidade sendo seguidos por janelas de incerteza, volatilidade e pressão negativa nos ativos de risco em geral.
Em relação a Turquia, alguma medida mais concreta deverá ser tomada, assim como foi feito na Argentina, que recorreu ao FMI, para estabilizar sua situação econômica e financeira.
A diferença, neste caso, é que ao contrário da Argentina, que tem um governo mais liberal e pragmático, o governo turco é um pouco mais heterodoxo. Além disso, a economia turca é um pouco mais relevante para o mundo emergente e sua presença é mais perceptível nas carteiras de investimentos globais. a exposição dos bancos europeus ao país também aparenta ser mais relevante em termos nominais (fala-se em algo em torno de US$100bi).
A agenda do dia nos reserva a divulgação do Core CPI nos EUA.
No Brasil, o destaque ficou por conta do primeiro debate eleitoral. Não tive a oportunidade de ver o debate em sua integra devido a conflito de agenda, mas o pouco que consegui ver apenas reforça o cenário base de incerteza dessas eleições.
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