Brasil: Postura do BCB e precificação do mercado.


Na ausência de notícias relevantes e na expectativa do discurso do presidente do Fed, Jay Powell, os ativos de risco estão operando próximos a estabilidade, com leve viés positivo.
Acredito que Powell irá reforçar a mensagem das Minutas do FOMC e de discursos recentes de membros do Fed, inclusive de alguns deles ontem, que sinalizaram para a continuidade do processo de normalização monetária. Pelos documentos e aparições oficiais, não há nenhuma indicação que os riscos que existem no cenário hoje (emergentes, flattening da curva de juros e afins) está incomodando o comitê a ponto de alterar seu “plano de voo” no tocante a política monetária.
Nos últimos dias, observamos algum arrefecimento dos dados econômicos dos EUA, mas mantendo-se em patamares elevados e condizentes com um crescimento robusto. Vemos algum arrefecimento maior em setores específicos, como o imobiliário, mas também observamos um mercado de trabalho robusto, como mostrou ontem o Jobless Claims, próximo ao piso histórico do indicador.
Aproveitamos os últimos dias para elevar nossas alocações tomadas em juros nos EUA, concomitantemente com aumento do hedge via estruturas de opção vendidas em índices de bolsas do país. Comentei mais sobre essa posição na manhã de ontem (https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/08/dolar-forte-e-pressao-nas-commodities.html).
A quinta-feira no Brasil foi de forte deterioração dos ativos locais. O motivo continua a ser o mesmo: um cenário externo mais desafiador em meio a um quadro político de incerteza. Aproveitamos para reduzir um pouco mais nossa exposição com viés negativa no Brasil, acreditando que o nível de preços hoje está mais adequado ao cenário que se apresenta e aos riscos prospectivos.
No quadro econômico, vimos um IPCA praticamente em linha com as expectativas. Se, por um lado, a inflação corrente continua baixa e controlada, por outro lado, a margem de manobra do BCB ficou mais apertada, já que com a manutenção de uma taxa de câmbio mais elevada, os modelos de expectativas de inflação já apontam para um IPCA acima da meta para o fina do ano que vem.
A curva de juros já precifica uma alta de juros não desprezível para as próximas reuniões do Copom, o que me parece justo para o cenário corrente. Por ora, o BCB e o Tesouro têm sinalizado que não irão intervir nos mercados de câmbio e de títulos públicos. Segundo fontes, o mercado está líquido, racional, seguindo uma tendência global e com as empresas com seus devidos hedges, o que afasta a necessidade de intervenções diretas nestes mercados. O peso o ajuste, assim, poderia recair sobre a política monetária, caso o BCB conclua que a mudança de patamar do câmbio será mais estrutural e global, e não apenas uma questão local e pontual.



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