Relatório Mensal de Asset Allocation

Relatório Mensal de Asset Allocation:
O mês de janeiro foi marcado pela decisão, não totalmente precificada pelo mercado, do Banco Central do Brasil (BCB) em reduzir a taxa básica de juros em 75bps. Nas vésperas da reunião do Copom, o mercado precificava cerca de 30% de probabilidade deste evento, com a maioria do mercado esperando um corte mais modesto de 50bps.

Exceto pela decisão do BCB, não vimos mudanças substanciais para o cenário local. Esperamos a continuidade de um processo desinflacionário intenso. Nossa área econômica já trabalha com um IPCA de 4,1% para 2017, abaixo do centro da meta, de 4,5%. A recuperação da economia se confirma bastante lenta e gradual, com sinais espartanos de “green shoots”. O mercado de trabalho ainda mostra deterioração, com a taxa de desemprego em alta e os rendimentos reais ainda pressionados. Este mix de inflação e crescimento deverá contribuir para que o BCB dê continuidade ao processo de queda na taxa Selic. Neste momento, estamos prevendo uma taxa Selic de 9,5% em outubro, com viés de baixa. As contas externas se mostram saudáveis, com fortes fluxos de investimentos para o país. As contas públicas continuam mostrando uma dinâmica ruim, mas as esperanças de ajuste devem tornar o quadro mais favorável ao longo do tempo.

Nos EUA, continuamos trabalhando com um cenário de crescimento saudável (em torno de 2%), com flutuações em torno desta tendência. Vemos a economia muita próxima ao pleno emprego, com um hiato do produto praticamente fechado. Este ambiente deveria favorecer uma alta gradual da inflação. No curto-prazo, vemos como um risco uma eventual decepção do mercado em torno do crescimento do país. Por acreditar que os EUA se encontram muito próximos do pleno emprego, as medidas sinalizadas por Trump poderiam gerar mais inflação, mas não necessariamente muito mais crescimento, um risco que hoje parece estar sendo totalmente ignorado pelo mercado.

A Europa parece estar seguindo o movimento global de “reflation”, com dados mais positivos de crescimento e uma inflação em ascensão. Por ora, a alta da inflação está muito concentrada nos voláteis preços de energia, e o Banco Central Europeu está focado nos preços subjacentes (inflação “core”). Contudo, a manutenção de um cenário mais construtivo para a região pode vir a intensificar o debate em torno da política monetária. Neste momento, acreditamos que este é um risco para o segundo semestre deste ano. O cenário político da região começa a voltar ao foco, com a aproximação das eleições na França, um quadro de incerteza na Itália e as negociações para a liberação de mais uma parcela da ajuda financeira para a Grécia.

Na China, os números de dezembro (divulgados em janeiro) mostraram uma economia estável. O que vem nos chamando a atenção é o conjunto de medidas de aperto que está sendo implementado no país dia após dia. Não somente o controle da conta de capital está mais restrito, como há indícios de controle do crédito e aperto de juros. Continuamos trabalhando com um cenário de relativa estabilidade no curto-prazo (um a três meses), mas com uma desaceleração contratada no médio-prazo (três a seis meses).

Alocação/Estratégia:
Mantivemos ao longo do mês a mesma postura que vem sendo regra desde o final do ano passado, com posições acima da média / agressivas em juros locais, porém mais neutras em câmbio e renda variável.

Nossa estratégia de manter recomendações acima da média para o mercado local de juros, porém recomendações mais neutras para o mercado de câmbio e renda variável, está colhendo resultados. A decisão do Copom em reduzir a taxa Selic em 75bps corrobora nossa visão de juros estruturalmente mais baixos no país ao longo dos próximos meses.

No mercado de juros, vemos espaço para um processo estrutural de queda de taxas no Brasil. Este processo, porém, não será linear, mas sim pontuado por momentos de incerteza e instabilidade. Diante do nosso cenário de inflação e crescimento, contudo, em um ambiente em que o ajuste fiscal avança no Congresso, ficamos confortáveis com esta recomendação.

No mercado de câmbio, a despeito de um cenário confortável para o balanço de pagamentos, trabalhamos com um cenário externo favorável ao dólar do mundo, o que deveria concentrar os ganhos na moeda brasileira em períodos curtos de tempo. Assim, optamos por manter postura tática e não buscar posições estruturais na moeda brasileira.

No mercado de renda variável, vemos espaço para o aumento dos fluxos para esta classe de ativos, à medida que a melhora dos fundamentos se consolide.

Fundo Icatu Vanguarda Macro Fundo de Investimento Multimercado:
Desde de fins de 2016 trabalhamos com 3 temas principais de investimentos: (1) juros estruturalmente mais baixos no Brasil, (2) juros estruturalmente mais elevados nos EUA, (3) uma alta do dólar no mundo, ajudado pelo cenário de crescimento/inflação no país.

Não esperávamos uma aceleração da queda de juros por parte do BCB no Brasil, e acabamos ficando com posições que consideramos (ex - post) excessivamente defensivas, ainda que na direção correta, no mercado de juros locais.

As incertezas trazidas pela nova administração do governo americano acabaram prejudicando o dólar no mundo, que apresentou forte queda ao longo do mês. No mercado de juros, observamos um movimento de consolidação.


Não abandonamos nossas teses de investimentos, mas estamos mais ativos da administração de dos tamanhos da posição, com o intuito de defender o portfólio de movimentos pontuais, que podem ser rápidos e acentuados, mas que não necessariamente nos parecem condizentes com o cenário econômico. 

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