US: No more slack!
O dia foi marcado por
mais uma bateria de dados econômicos positivos nos EUA. Destaque especial para o Core CPI, que apresentou alta de 0,3%
MoM e 2,3% YoY em janeiro, acima das expectativas do mercado. O Retail Sales
também surpreendeu positivamente as expectativas, mostrando um quadro de
robustez da economia e, em especial, do consumo. A queda da produção industrial
no mês, o único número menos positivos divulgado hoje, foi em grande parte
explicado pelo volátil grupo de “utilities”.
Mesmo correndo o risco de soar repetitivo, reforço minhas
convicções. No início do ano, o mercado vinha perdendo confiança na agenda
econômica do novo presidente dos EUA. A simples sinalização, nos últimos dias,
de que seu plano de governo continua sendo desenhado na linha do que foi
apresentado na campanha eleitoral, com reforma tributária e incentivos fiscais,
foi o suficiente para dar sustentação ao mercado acionário do país, promover
uma abertura de taxa de juros e dar algum suporte ao dólar, em especial contra
G3.
Vejo uma economia com hiato do produto praticamente fechado e um
mercado de trabalho próximo ao pleno emprego. A economia deve manter um
crescimento em torno de 2%, com uma inflação gradualmente mais elevada. Não
vejo motivos para desacreditar na política econômica de Trump. Até o momento,
tudo o que foi apresentado em sua campanha vem sendo implementado (renegociação
do NAFTA, saída do TPP, construção do muro junto ao México, “travel ban”).
Acredito que a implementação da agenda econômica será apenas uma questão de
tempo.
Os eventos de hoje reforçam minhas visões. Ainda vejo um cenário
de alta estrutural das taxas de juros nos EUA, o que deveria dar suporte ao
dólar no momento, mas de forma cada vez mais seletiva. Não tenho uma visão
clara para o mercado global de renda variável neste momento.
No Brasil, o avanço das reformas estruturais, em meio a um
quadro de desinflação, crescimento baixo e queda de juros, está ajudando a
conter a volatilidade dos ativos locais, ainda favorecendo o bom desempenho dos
mesmos. Para uma eventual mudança de dinâmica, precisamos acompanhar apenas o
avanço da agenda de reformas no Congresso, além do cenário externo.
Acredito que o momento continua favorável para o mercado de
juros, mas o mercado migrou de maneira relativamente rápida para muito perto do
que deve ser o cenário base. Sempre existe espaço para surpresas positivas
(inflação mais baixa) e, consequentemente, um ciclo ainda mais acentuado de queda
de juros, mas o mercado já não apresenta, neste momento, a mesma assimetria
positiva de poucas semanas atrás.
No mercado de câmbio, eu via um range entre 3,10-3,50 para o BRL
ao longo do ano. Nas últimas semanas, contudo, ficou claro que existe um forte
fluxo reprimido de recursos para o país, o que pode acabar levando a moeda
local a níveis ainda mais apreciados no curto-prazo, especialmente diante de um
cenário externo benigno para os países emergentes com fundamentos saudáveis.
Acho complicado falar de valuation de bolsa local, até pela minha pouca vantagem
comparativa neste quesito. Tudo indica, contudo, que ainda existe um enorme
fluxo reprimido para esta classe de ativos, especialmente dos estrangeiros,
investidores institucionais e pessoas física, o que deve suportar os níveis de
preço, e conter as realizações de curto-prazo.
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