EUA: Emprego robusto, pouca pressão inflacionária.
Eu classifico os dados
de emprego de janeiro, nos EUA, como
saudáveis, até mesmo robustos, mas insuficientes para apressar o Fed no seu
processo de normalização monetária. Além disso, os números de hoje refutam a
minha tese de que o país esteja com o hiato do produto fechado e próximo ao
pleno emprego. Ainda não existem evidências concretas de pressões
inflacionárias.
De qualquer maneira,
mantenho meu cenário construtivo para o país. Entendo que o mercado tenha
entendido que a próxima alta de juros por parte do Fed foi, por ora, adiada.
Todavia, ainda existe um longo caminho a percorrer até a próxima reunião do
FOMC em março e o Fed, mas do que nunca, se mostra dependente dos dados.
Assim, pode faltar momentum, na ausência deste suporte, para
uma dinâmica mais acentuada de alta do dólar e abertura de taxas de juros no
curtíssimo-prazo, mas não vejo motivos para alterar o cenário central de
longo-prazo.
Os números robustos de
hoje, sem pressões inflacionárias, acabam reforçando um ambiente conhecido como
“Goldilocks” (a Goldilocks economy sustains moderate economic growth and
low inflation, which allows a market-friendly monetary policy),
que tendem a favorecer ativos de risco de forma geral, e ativos de carry, como ativos EM/high yields, como um todo.
O Brasil continua vivendo uma espécie de dinâmica própria, mas também
favorecido por um cenário externo saudável. Destaque para a curva de juros, que
continua colocando “prêmio” de quedas maiores de juros na curva, em meio a um
debate do tamanho e intensidade do ciclo de queda da taxa Selic, e do que seria
a taxa de juros neutras no país.
O governo, além disso,
vem sinalizando para o avanço de uma série de reformas estruturais, macro e
micro, que podem mudar de maneira veemente o ambiente de negócios para o país,
o que acaba ajudando o desempenho dos ativos locais.
Eu continuo sem apetite
para o BRL nos atuais níveis. Ainda vejo um range em torno de 3,10-3,50 para o
ano, mas tudo indica que posso ser surpreendido pelos fluxos para o país e,
consequentemente, um piso abaixo desses 3,10. Mantenho uma visão construtiva
para a Bolsa, vendo a possibilidade de fortes fluxos para esta classe de
ativos.
Todavia, a maior tese
estrutural fica por conta de juros mais baixos no país.
Comentários
Postar um comentário