Relatório Semanal de Asset Allocation:

O único destaque na agenda econômica local na semana passada ficou por conta da divulgação do IPCA de janeiro. O número apresentou alta de 0,38% no mês, acumulando alta de 5,35% em relação ao mesmo período do ano passado. Este resultado ficou cerca de 5bps abaixo das expectativas.

Ainda mais positivo do que este resultado acabou sendo o quadro qualitativo do indicador. A inflação de serviços dessazonalizada rodou em 4% anualizada na média móvel trimestral (e 4,3% no núcleo de serviços), patamar condizente com um IPCA mais próximo de 4%. Na ponta, inclusive, a inflação de serviços tem rodado abaixo de 4%. A dispersão dos aumentos em serviços tem ficado abaixo da média. Os serviços estão rodando próximo das mínimas históricas para os respectivos meses. O índice de difusão dessazonalizado tem rodado em patamares condizentes com um IPCA ao redor de 4%.

No cenário externo, ainda predomina um ambiente de dados mais positivos de crescimento, sem pressões excessivas por parte da inflação. A política monetária no mundo desenvolvido continua expansionista, a despeito de ajustes pontuais e localizados em algumas economias.

De maneira geral, este ambiente tem sido visto como positivo para os ativos de risco e para os ativos emergentes, em especial, o que tem favorecido o bom desempenho dos mercados brasileiros.

Alocação/Estratégia:
No mercado de juros, vemos espaço para um processo estrutural de queda de taxas no Brasil. Este processo, porém, não será linear, mas sim pontuado por momentos de incerteza e instabilidade. Diante do nosso cenário de inflação e crescimento, contudo, em um ambiente em que o ajuste fiscal avança no Congresso, ficamos confortáveis na manutenção deste cenário.

No mercado de câmbio, a despeito de um cenário confortável para o balanço de pagamentos, trabalhamos com um cenário externo favorável ao dólar do mundo, o que deveria concentrar os ganhos na moeda brasileira em períodos curtos de tempo. Assim, optamos por manter postura tática e não buscar posições estruturais.

No mercado de renda variável, vemos espaço para o aumento dos fluxos para esta classe de ativos, à medida que a melhora dos fundamentos se consolide.

O momento parece oportuno para analisarmos um pouco mais no detalhe a precificação dos ativos.
No mercado local de juros, a curva precifica, de maneira geral, cortes de 80bps+70bps+60bps+50bps+35bps+25bps nas próximas 6 reuniões do Copom. Nossa área econômica trabalha com um ciclo de corte de mais três quedas de 75bps, duas quedas de 50bps e uma queda de 25bps (com viés para baixo na Selic de final de ano). O FRA do ano de 2018 encontra-se em 9,6%, com 10,3% para 2019 e 10,55% em 2020. O piso dos juros seria atingido no segundo trimestre de 2018, com um FRA de 9,45% no trimestre.

O cenário econômico segue apresentando um quadro extremamente benigno de inflação, com uma atividade ainda bastante pressionada, a despeito de alguns sinais incipientes de estabilização. O mercado de câmbio segue tranquilo, sustentado por contas externas saudáveis.

Acreditamos que o momento continua favorável para o mercado de juros, mas o mercado migrou de maneira relativamente rápida para muito perto do que deve ser o cenário base. Sempre existe espaço para surpresas positivas (inflação mais baixa) e, consequentemente, um ciclo ainda mais acentuado de queda de juros. É natural supor, contudo, que o mercado já não apresenta, neste momento, a mesma assimetria positiva de algumas semanas atrás.

No mercado de câmbio, víamos um intervalo entre 3,10 - 3,50 para o BRL ao longo do ano. Nas últimas semanas, todavia, ficou claro que existe um forte fluxo reprimido de recursos para o país, o que pode acabar levando a moeda local a níveis ainda mais apreciados no curto-prazo, especialmente diante de um cenário externo benigno para os países emergentes com fundamentos saudáveis.


No mercado de renda variável, tudo indica que ainda existe um enorme fluxo reprimido para esta classe de ativos, especialmente dos estrangeiros, investidores institucionais e pessoas físicas, o que deve suportar os níveis de preço, e conter as realizações de curto-prazo.

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