IPCA15, FOMC e França.
A quarta-feira foi
marcada por algumas importantes divulgações, e ainda teremos a decisão do
Copom, no Brasil, no começo da noite. Vamos aos principais eventos do dia.
Brasil – o IPCA-15 de fevereiro ficou
levemente (4bps) acima das expectativas. A despeito da surpresa negativa
(altista) o número não altera de forma significativa o cenário favorável para a
inflação no país. Como nossa área econômica mostra abaixo, o qualitativo do
indicador continua mostrando um quadro de forte desinflação. De maneira geral,
o IPCA-15 reforça as expectativas para um corte de 75bps na Taxa Selic.
De acordo com nossa
área econômica: O IPCA como um todo
rodando bem abaixo da meta na média móvel trimestral anualizada (dessaz). O
índice de difusão (% dos subitens em alta) em um patamar baixo (após ajuste sazonal),
em 53,9% (vs. média histórica 62,8%); A porção de bens rondando em deflação na
média móvel trimestral anualizada dessaz (-2%); O segmento de bens (ex
alimentos) – produtos industriais) rodando em 2,4% na MM3MA, enquanto serviços
em 3,2%; Há observado uma rápida queda nas médias móveis trimestrais nos
últimos meses.
EUA – Na minha visão, as Minutas do
FOMC foram neutras. O texto mostra um comitê cada vez mais confortável com o
cenário construtivo para a economia do país, mesmo não incorporando nenhum incentivo
fiscal e/ou tributário da nova administração. O Fed tem tentando sinalizar que
será “dependente dos dados”. Na margem, observamos dados acima das
expectativas, especialmente no tocante a inflação (Core CPI) e “hard data”
(Retail Sales). Neste ambiente, esperaria a precificação de uma maior
probabilidade de alta de juros no FOMC de março, e o mercado migrando para um
cenário mais balanceado em torno de 3 altas de 25bps ao longo deste ano. Isto
não está ocorrendo.
Pela leitura do mercado,
a ausência de uma sinalização clara por parte dos membros do comitê para uma
alta de juros no FOMC de março seria uma indicação de conforto com a atual
precificação da curva de juros, e uma certa leniência com o atual cenário, o
que acaba favorecendo um ambiente de relativa tranquilidade da curva de juros
no país e uma pressão baixista sobre o dólar, especialmente sobre as moedas
consideradas cíclicas e high yields.
Como ainda estamos há
cerca de 3 semanas do próximo FOMC, com números como o Core PCE e Payroll na
agenda, acredito que faça sentido o Fed administrar as expectativas, mas sem
dar uma sinalização clara. Caso os dados superem as expectativas, acredito que
exista espaço para uma alta de juros em março. A plataforma econômica da
administração Trump seria apenas um estímulo adicional a posição do Fed. Mesmo
antes da posse de Trump a economia já mostrava um hiato do produto fechado e um
mercado de trabalho próximo ao pleno emprego.
França – As eleições no país continuam a
despertar um imenso interesse do mercado, já que seus desdobramentos podem
trazer um cenário inimaginável para a Europa. Hoje, o anuncio da “união” entre
o canditado favorito nas pesquisas, com um candidato que concorrência as
últimas eleições como independente, reduziu as chances de vitória de uma chapa
radical, reduzindo um pouco o risco de cauda deste evento.
De qualquer maneira,
este vetor tem exercido enorme pressão baixista nos juros da Alemanha e,
consequentemente, das Treasuries. Vejo este evento como um risco de cauda, que
deverpa causar ruídos pontuais.
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