Reflation: Up and Running!
Os dados
recentes estão apenas reforçando o quadro de recuperação da economia global,
sem alteração no cenário central o qual eu venho apresentando neste fórum.
Nos EUA, ontem, o ADP Employment apresentou
uma robusta criação de vagas de trabalho em janeiro (246 mil), acima das expectativas
do mercado. O ISM Manufacturing também superou o esperado pelo consenso, com um
quadro qualitativo que mostrou aceleração no emprego, nos indicadores de
inflação e de encomendas.
O Fed,
por sua vez, promoveu apenas pequenas alterações em seu comunicado, fazendo o
que conhecemos como um “market-to-market”
do cenário às condições atuais. A ausência de uma referencia mais explícita a
possibilidade de uma alta de juros em março pode ter decepcionado alguns mais hawkish. Na minha visão, o Fed não se
favoreceria em nada, neste momento, em promover um comunicado mais explícito.
As incertezas do cenário ainda são elevadas. Muitos números econômicos serão
divulgados até a próxima reunião do FOMC em março. Até mesmo Yellen terá a
oportunidade de se comunicar através de aparições no Congresso caso seja
necessária uma sinalização mais clara antes da próxima reunião.
No Brasil, a produção industrial divulgada
ontem mostrou um quadro ainda desolador para o crescimento do país. Continuo
esperando uma recuperação apenas lenta e gradual da economia.
No campo
político, Eunício de Oliveira, do PMDB e alinhado ao governo Temer, foi eleito
presidente do Senado, como era amplamente esperado. Eunício contou com 61
votos, o mesmo número das últimas votações em favor das reformas econômicas em
curso. A votação mostra, uma vez mais, que o Senado continua extremamente
alinhado com o atual governo. Segundo Vicente Nunes, do Correio Braziliense:
A vitória de Eunício Oliveira (PMDB-CE) para a presidência do
Senado e a provável reeleição, hoje, de Rodrigo Maia (DEM-RJ) para o comando da
Câmara dos Deputados abrem uma avenida importante para o governo aprovar as
reformas trabalhista e da Previdência Social. Tanto no Palácio do Planalto
quanto no mercado financeiro, acredita-se que essa configuração do Congresso
permitirá que Michel Temer saia vitorioso em suas propostas, apesar de toda a
gritaria contra mudanças tão polêmicas. No entender do presidente da República,
sua base ficará mais forte.
O Valor
Econômico traz um artigo sobre a menor taxa neutra de juros para o Brasil e a
possibilidade de aprofundamento do corte de juros.
A queda do risco país, o avanço do ajuste fiscal e a trajetória de
desaceleração da inflação em direção à meta têm levado especialistas a
reduzirem suas projeções para a taxa neutra de juros aquela que permite
crescimento sem gerar inflação. Essa percepção tem feito com que economistas defendam
que o Banco Central teria espaço para intensificar ainda mais o ciclo de
afrouxamento monetário e levar a taxa de juro real para um patamar abaixo do
nível de equilíbrio para estimular a retomada da atividade já há casas com
previsão de 8% para a Selic no fim de 2017. Na visão de especialistas, o juro
neutro pode cair para perto de 4% com a aprovação das reformas, especialmente a
da Previdência, e a queda do crédito público subsidiado. A taxa, que chegou a
7% em fevereiro de 2016 em meio à crise política, antes do impeachment da expresidente
Dilma Rousseff, agora está entre 5% e 5,5%.
No que
tange os mercados, estou mantendo minhas teses de investimentos de juros
estruturalmente mais baixos no Brasil, porém mais elevados nos EUA. A
sustentação ao dólar ainda acredito que ocorrerá, mas de forma cada vez mais
segmentada. A dinâmica do dólar não está favorecendo está visão, o que requer
alguma cautela no curto-prazo.
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