Global Reflation!
Os
ativos de risco estão revertendo parte dos movimentos verificados nos últimos
dias, com o dólar mais forte, uma abertura de taxa de juros no mundo
desenvolvido e uma leve alta das bolsas globais.
A agenda
do dia nos reserva a PIM no Brasil, com o ADP Employment, ISM Manufacturing e a
decisão do FOMC nos EUA.
Os dados
econômicos da Ásia continuam condizentes com um cenário de “reflation” no
mundo. O PMI Manufacturing oficial da China
arrefeceu apenas marginalmente, de 51,4 para 51,3 pontos em janeiro,
praticamente em linha com as expectativas. O número confirma um cenário de
crescimento estável no curto-prazo. Eu mantenho a visão de um crescimento ainda
sustentado nos atuais níveis no curto-prazo (1 a 3 meses), mas com uma
desaceleração contratada da economia no médio-prazo (3 a 6 meses).
Na Coréia do Sul, que por apresentar uma
economia bastante abertura, costuma ser um indicador relevante da demanda
global, as exportações apresentaram alta de 11,2% YoY em janeiro, o que apenas
reforça o cenário de crescimento saudável na região e no mundo como um todo.
No Brasil, os jornais estão dando alguma
atenção às declarações de Ilan em evento em SP ontem. O presidente do BCB
sinalizou que haverá um debate sobre a meta de inflação de 2019 no meio do ano
e que, para ele, a meta de inflação deveria migrar para 3% ao longo do tempo.
No campo
político, tudo indica que Rodrigo Maia será reeleito para presidente da Câmara
e Eunício de Oliveira para presidente do Senado. De acordo com especialistas,
estes nomes são alinhados com o governo e poderiam facilitar o caminho para as
reformas econômicas.
Em
artigo no Valor Econômico de hoje Cristiano Romero afirma que o BCB irá criar
um novo instrumento de política monetária:
O Banco
Central (BC) vai criar um novo instrumento de política monetária: o
"depósito voluntário". Hoje, o BC controla a quantidade de dinheiro
em circulação por meio das chamadas "operações compromissadas" - o
Tesouro Nacional emite títulos públicos que vão para a carteira do BC, com compromisso
de recompra. Com esses papéis, a autoridade monetária esteriliza os efeitos
inflacionários da entrada de moeda estrangeira no país: compra as divisas em
troca dos títulos do Tesouro, enxugando a liquidez da economia. Desta forma,
regula o custo do dinheiro, isto é, a taxa básica de juros (Selic).
O uso
das operações compromissadas elevou de forma significativa a dívida bruta do
Governo Geral, que compreende o governo federal, o INSS, os Estados e os
municípios. Neste momento, o estoque de compromissadas está em R$ 1,047 trilhão,
o equivalente a 16,6% do Produto Interno Bruto (PIB).
O
presidente do BC, Ilan Goldfajn, informou ao Valor que a
remuneração dos "depósitos voluntários" será idêntica à das operações
compromissadas. "Nos Estados Unidos e em parte das economias avançadas, o
principal instrumento de política monetária é este: quando um banco tem
liquidez, faz um depósito voluntário no BC e o dinheiro é remunerado",
revelou.
A
criação dos "depósitos voluntários" ou remunerados foi uma importante
inovação promovida pelos bancos centrais no pós-crise. No Brasil, o BC lançou
mão das operações compromissadas, um instrumento criticado por economistas pelo
fato de aumentar sobremaneira a dívida pública e, portanto, a necessidade de
geração de superávits primários nas contas públicas para fazer frente ao
pagamento de juros dessa dívida.
Em
tese, com a substituição das operações compromissadas pelos "depósitos
voluntários" das instituições financeiras no Banco Central, a dívida
pública bruta poderia encolher, no limite, até 16,6 pontos percentuais do PIB,
caindo dos atuais 69,5% para 52,9% do PIB. O presidente do BC esclareceu,
entretanto, que o objetivo do governo não é reduzir artificialmente o tamanho
da dívida bruta, cujo crescimento veloz nos últimos anos tornou o Brasil vulnerável
aos olhos dos investidores, o que levou as agências de classificação de risco a
retirarem do país o selo de bom pagador (grau de investimento, na linguagem do
mercado)
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