Realização de Lucros.
Tivemos
mais um dia de realização de lucros dos mercados financeiros globais, em um
movimento mais clássico e coordenado de “risk-off”. O mesmo comentário feito na
tarde de ontem, em que as expectativas em torno da política econômica de Trump
estão sendo decepcionadas, é valido para explicar os movimentos de hoje:
A ausência de um plano econômico
concreto, aliado a demora no avanço “repeal and replace” para o “Obama Care” estão
colocando um ponto de interrogação grande no mercado. Além disso, o mercado tem
tido uma leitura mais dovish em relação as últimas sinalizações do
Fed, o que está ajudando a conter o movimento das taxas de juros e mantendo o
dólar em uma leve tendência de baixa.
O que
mudou hoje, contudo, foi que o risco político proveniente da Europa começou a
entrar nesta “equação” menos construtiva para o curto-prazo, o que trouxe este
tom mais negativo, com um movimento mais clássico de aversão ao risco, com
queda das bolsas, fechamento de taxa de juros no mundo desenvolvido e alta do
dólar.
Em
relação aos EUA, vejo um cenário político incerto, que está impedindo que os
mercados consigam precificar a evidente recuperação econômica e,
principalmente, o enorme avanço da economia dos EUA em direção aos mandatos do
Fed.
No
tocante a Europa, entendo que a concretização do risco de cauda das eleições na
França levaria a um cenário de incerteza extrema, o que justifica uma postura
mais defensiva no curto-prazo. Por ora, contudo, este evento continua a ser, “apenas”,
um risco de cauda.
No
Brasil, tivemos um dia mais coordenado de realização de lucros, em linha com o
movimento externo. Além dos ruídos globais, ainda tivemos uma série de novos
rumores em torno do atual governo e membros do entorno do presidente. Vejo os
movimentos de hoje como naturais e, até mesmo, saudáveis, após quase dois meses
de recuperação ininterrupta.
O BRL,
em especial, sofreu os efeitos do vencimento dos swaps cambiais por parte do
BCB. Em uma véspera de feriado prolongado, com um discurso de Trump agendado, e
com um humor externo abalado, acabou faltando “venda final” de dólares no
mercado, o que colocou pressão de depreciação na moeda local.
No que
diz respeito ao risco político, vejo os eventos recentes como ruídos de
curto-prazo. A delação premiada da Odebrecht devem estar próximas de ser divulgado,
o que acaba elevando a probabilidade de ruídos como os de hoje.
Reforço
que temos que manter o foco na aprovação das reformas e, especialmente, na
Reforma da Previdência. Enquanto o processo estar caminhando, não temos motivos
para alterar a visão construtiva para o país. Qualquer sinal mais concreto que
a Reforma esteja ameaçada, ou com risco de ser desfigurada, podemos ter uma
mudança drástica e substancial de cenário.
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