Consolidação...

Os ativos de risco parecem cansados após um começo de ano turbulento, o que proporcionou um dia de acomodação, a despeito da volatilidade ainda elevada em alguns ativos (petróleo, por exemplo), o que me parece que será a regra de agora em diante.

Visitei alguns clientes institucionais esta manhã. O feedback continua a ser o mesmo dos últimos meses. De maneira geral, houve uma expressiva redução nas posições em renda variável (RV) no Brasil. Segunda uma consultoria especializada neste segmento de mercado, a alocação em RV teria caído, na média, de 15% para 5%, sendo que uma parte desses 5% seriam em fundos ilíquidos, sem resgate automático. A migração para fundos externos, muito observada em 2014 e 2015, estaria congelada, por dois vetores: um patamar mais elevado do câmbio e a forte queda das bolsas globais nos últimos meses.

Brasil – Alguns eventos que poderiam ser relevantes nas últimas 24 horas, acabaram causando pouco impacto para alterar o cenário base (ainda bastante negativo). Tombini reafirmou a mensagem de que o BCB não pretende cair os juros no horizonte relevante de tempo. O governo anunciou o contingenciamento para 2016, assim como as medidas que pretende adotar para colocar as contas públicas em ordem, mas sem nenhuma novidade em relação ao que já vinha sendo ventilado na mídia. Os dados de emprego divulgados pelo IBGE mantiveram a tendência de deterioração do mercado de trabalho em novembro, com forte queda real dos rendimentos.

EUA – O Core CPI apresentou alta de 0,3% MoM em janeiro, acima das expectativas de 0,2% MoM e levando a alta em relação ao mesmo período do ano passado para 2,2% YoY. Como comentei após a divulgação do PPI:

Os números de hoje mostraram uma economia norte americana ainda saudável, levando o tracking do PIB para níveis próximos a 2,5% neste primeiro trimestre do ano. Além disso, começam a surgir evidencias de que o piso da inflação possa ter ficado para trás, mesmo com o fortalecimento do dólar e a queda no preço das commodities. O cenário de alta de juros por parte do Fed, assim, acaba sendo reforçado. Mesmo com o FOMC de março fora de questão, a política monetária do país ainda parece estar direcionada para um processo lento e gradual de alta de juros.

Ainda vejo um cenário positivo para o dólar no mundo, mas cada vez mais a escolha do funding será importante na alocação do portfólio. Por hora, continuo gostando de uma alocação relevante vendida em BRL.


Continuo não vendo valor na curva local de juros nos atuais níveis, preferindo gastar alguns bps em prêmios de opção para eventuais quedas de juros ao longo deste ano (“just in case...”). Contudo, com o BCB claramente com uma postura de manutenção dos juros estáveis, a diretriz deverá ser de aplicar nos eventuais “spikes” nas taxas. Ainda acredito que haja espaço para o BRL atingir níveis mais depreciados no curto-prazo.

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