Different day, same dynamic.

A narrativa dos mercados financeiros globais manteve-se a mesma verificada ao longo de toda a semana. Forte pressão nos ativos de risco, liderados pela queda nas ações dos bancos da Europa, puxado pela abertura de CDS dessas instituições (aumento expressivo do custo de captação do sistema financeiro, vide gráfico abaixo). As bolsas norte americanas até ameaçaram, novamente, uma recuperação mas, neste momento, continuam sobre pressão.

Eu não descarto movimentos pontuais e localizados de “relief rally”, dado a força do movimento negativo verificado ao longo desta semana. Contudo, sem medidas que venham a equacionar, estruturalmente, os problemas que rondam a economia mundial (FX na China, capitalização dos bancos na Europa, baixo crescimento global, e afins), esses movimentos de recuperação tendem a ser cíclicos, e não estruturais.

Nos EUA, o Jobless Claims caiu de 285k para 269k, abaixo das expectativas de 280k. O número mostra um mercado de trabalho ainda robusto no país. Se, por um lado, o Jobless Claims afasta o risco de uma recessão mais profundo nos EUA no curto-prazo, por outro lado, a política monetária do Fed mostra ainda maior dissonância em relação aos demais bancos centrais das economias desenvolvidas.

No Brasil, o governo anunciou que o contingenciamento, previsto para ser anunciado amanhã, será postergado para fins de março. A arrecadação federal parece estar desabando em termos reais, e o governo precisa de mais tempo para adotar as medidas cabíveis. De qualquer maneira, especula-se em um corte abaixo de R$20bi, insuficiente para qualquer ajuste fiscal. Vejo o país em uma rota de colisão acelerada, que não vem sendo devidamente precificada em alguns ativos locais, como o BRL, em especial.


Vale ressaltar um recente estudo divulgado pelo BIS. De acordo com nosso time econômico: Endividamento global continua subindo, ampliando os riscos globais à frente. Alguma desalavancagem nas famílias em países desenvolvidos, mas endividamento total tem aumentado (público + privado). A elevação do endividamento de emergentes tem sido mais acentuada; Os ciclos financeiros são bem mais longos que os ciclos econômicos. A macroeconomia não pode ignorar o ciclo financeiro. A política monetária tem sido muito focada em inflação e não dá o devido endereçamento às questões financeiras. O mundo está fazendo easing, com taxas de juros baixíssimas, sugerindo aos agentes a tomarem mais dívida e não o contrário; Recentemente, a dinâmica inflacionária tem sido ditada mais pelo slack global do que pelo slack doméstico.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Juros Brasil

Daily News – Brasil: Para o Alto e Avante – Parte II

Daily News – Um Risco de Cauda Positivo?