Estabilização após forte sell-off.

Passei à terça-feira acompanhando os mercados a distância, visitando alguns parceiros ao redor do Brasil. O dia acabou sendo bastante agitado, com uma nova rodada de forte pressão sobre os ativos de risco. Não ouve novidades relevantes no cenário econômico. A tentativa de descorrelação entre o petróleo e os demais ativos de risco acabou sendo rápida, com os mercados financeiros globais retornando a dinâmica de: queda no preço do petróleo, queda nas bolsas, e pressão nos ativos dos países mais dependentes de petróleo e commodities, em especial, nos países emergentes.
 
Esta manhã, estamos observando uma tentativa muito incipiente, e ainda com sinais de fragilidade, de estabilização do humor global a risco.
 
Como tenho insistido neste fórum, minha visão ainda é negativa no tocante ao cenário econômico global. Acredito que poderemos observar momentos pontuais, mesmo que rápidos e acentuados como na semana passada, de recuperação, mas a tendência ainda me parece ser de depreciação dos ativos de risco, ou um cenário de “low prices for longer”.
 
Na minha visão, precisaremos ver pelo menos um dos vetores a seguir, para que esta tendência negativa seja alterada: (1) sinais claros e evidentes de estabilização da economia mundial, (2) níveis de preços mais atrativos, (3) posição técnica mais ajustada, porém principalmente, (4) a equalização definitiva dos problemas estruturais da China.
 
Os ativos no Brasil ainda mostram uma dinâmica interessante, com um bom desempenho do mercado de juros e do BRL, a despeito da forte pressão verificada no Ibovespa ontem. Chama a atenção a divulgação de fracos resultados de Cielo e Itaú, empresas consideradas resilientes mesmo ao atual cenário econômico. Este pode ser um forte indício de mais uma pernada de deterioração da economia, e uma prévia de forte piora para o setor corporativo (dívida, em especial) nos próximos meses, levando o país a uma nova fase de sua crise econômica.
 
 Neste ambiente, ficará cada vez mais difícil uma atuação do BCB no tocante a alta de juros (não que eu concorde com isso, mas pelos sinais emitidos pela instituição), e será crescente a pressão para cortes de taxa ainda este ano.

Eu confesso que não tenho explicação para o bom desempenho do BRL na atual conjuntura.

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