Risk-On!

Os ativos de risco estão abrindo a semana em um movimento global (e clássico) de “risk-on”. Eu não vejo nenhum motivo específico para esta mudança de tendência dos mercados financeiros globais. Assim, acredito que a combinação de uma posição técnica ainda positiva, dados econômicos mostrando uma economia norte americana ainda saudável, aliados a aparente estabilização da situação financeira na China – com o governo local adotando uma série de medidas visando estabilizar o crescimento do país – como vetores essenciais para este movimento de curto-prazo dos ativos de risco.

Na agenda do dia, destaque para o Markit US Manufacturing PMI nos EUA, e para a baçança comercial semanal no Brasil.

Na Europa, o Markit Manufacturing PMI caiu de 52,3 para 51,0 pontos em janeiro, abaixo das expectativas de 52,0, enquanto o Markit Services saiu de 53,6 para 53,0 pontos, também abaixo das expectativas de 53,3. Os números de hoje reforçam a visão de necessidade de medidas adicionais de suporte a economia por parte do ECB.

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Brasil – As revistas semanais divulgadas no final de semana deram atenção especial ao que seriam novos desdobramentos das investigações sobre o entorno do ex-presidente Lula no que tocante ao sitio em Atibaia e ao Triplex no Guarujá, Segundo as reportagens, existem novos indícios de que Lula e sua esposa teriam participado ativamente das obras de reforma de ambos os imóveis.
 
Na sexta-feira à noite, o Senador petista Delcídio do Amaral foi liberado da prisão. Segundo a imprensa, Delcídio voltará a exercer, normalmente, seu cargo de Senador. Inclusive, poderá voltar a comandar a Comissão de Assuntos Econômicos, o qual é presidente. Ainda existe uma enorme especulação se Delcídio irá, ou não, assinar um acordo de delação premiada, ou se irá ajudar as investigações de alguma maneira como, por exemplo, como testemunha. Segundo a Folha de dominga, Delcídio irá evocar sua inocência em discurso no Senado (http://www1.folha.uol.com.br/poder/2016/02/1741515-na-volta-ao-senado-delcidio-dira-que-foi-vitima-de-armadilha.shtml ) , mas o jornal O Globo continua insistindo que o Senador irá assinar uma delação premiada.
 
Uma vez mais, o cenário político se mostra conturbado e sem nenhum sinal de solução simples. Existe um cenário positivo em que os ativos locais leiam os últimos eventos como um aumento do risco do processo de impeachment ganhar corpo. Contudo, o cenário base, na minha visão ainda parece ser de “mais do mesmo”, ou seja, uma enorme confusão política que impedirá o impeachment, assim como impossibilitará qualquer aprovação de medida que ajude a colocar o país no trilho da recuperação econômica. Neste ambiente, o país seguirá “se arrastando”, com a recessão virando uma depressão, a inflação ainda elevada e a dívida/PIB caminhando para níveis explosivos.
 
Vale ressaltar, ainda, que no apagar das luzes de sexta-feira, o Governo anunciou mais uma extensão da dívida dos Estados, para 50 anos, liberando espaço para que estes consigam captar a juros mais baixos via o BNDES. Já virou rotina, desde que Barbosa assumiu o Ministério da Fazenda anúncios, pontuais e localizados, porém cada vez mais frequentes, de liberação de crédito subsidiados para alguns setores da economia.
 
A proposta de limitar o teto do gasto público anunciada na sexta-feira por Nelson Barbosa é bastante positiva e muito bem vinda. Contudo, sou cético que este governo será capaz de implementar uma medida deste calibre na atual conjuntura econômica e política.

Europa - O prefeito de Londres, um proeminente político Inglês, anunciou que ira apoiar a saída da Inglaterra da União Europeia, em um referendo que ficou agendado para o meio deste ano. A Libra (GBP) abriu a semana sobre forte pressão após o anuncio.

Mercados - É interessante observar a forte queda das posições compradas em USD, de acordo com os dados divulgados pela IMM. Segundo o JPM:

USD positioning rank plummets; AUD positioning flips long; EUR shorts smallest in 20 months.
  • In 3y z-score terms, USD positioning is the third most negative in the IMM data set, having fallen from third most positively positioned currency three weeks ago, and the top positioned currency in early December. In notional terms net USD longs fell to 10.9bn, a 59% decline from three weeks ago and a 75% decline from early December (Chart 2).
  • Meanwhile AUD positioning has flipped outright long for the first time in 16.5 months, and EUR positioning is the least short in the past 20 months (Chart 3) The bulk of the shift out of long USD positioning in the past three weeks has been from EUR ($10.6bn notional) followed by AUD ($2.5bn notional) and CAD ($1.5bn notional). GBP positioning, understandably, has not improved materially in the past several weeks, ranked just above USD as the fourth most negatively positioned currency in the IMM data set.
  • The most negative positioning was in MXN on the eve of the Banxico policy cocktail shock, when the IMM snapshot was taken (end of Tuesday Feb 16, 2016). MXN positioning had fallen from its neutral 3-year average two months ago, to -1.37 standard deviations below its mean.

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