Brasil: Nova rodada de deterioração fiscal.

Os ativos de risco estão abrindo a quinta-feira com sinais claros e inequívocos de fragilidade. O movimento esta manhã está sendo de bolsas e commodities em queda, dólar forte e fechamento de taxa dos bonds dos países desenvolvidos. Por hora, não vejo sinais claros de que os problemas estruturais que rondam a economia global estejam perto de serem resolvidos (FX na China, Bancos na Europa, ajustes econômicos nos EM, entre outros). Assim, neste momento, estou tratando qualquer movimento de estabilização como um "rebound"/"relief rally" pontual (e técnico), compatível com um quadro de excesso de pessimismo no curto-prazo, com indicadores técnicos relativamente "esticados" para o lado negativo. Ainda não vejo mudanças estruturais que justifiquem uma mudança definitiva de dinâmica dos ativos de risco.

No Brasil, a mídia está falando em um contingenciamento em torno de R$20 a R$30bi, muito abaixo daquele apresentado no ano passado e muito inferior ao necessário para o cumprimento da meta de superávit fiscal primário determinado para este ano. Como comentei na noite de ontem, acredito que a próxima rodada de depreciação dos ativos locais será após o “anuncio” de um contingenciamento modesto e/ou um anuncio oficial de “bandas fiscais”, seguido de mais uma rodada de revisões de ratings do país. Acredito que este cenário esteja muito mais perto do que antes.

No domingo passado, comentei que: De acordo com a mídia, o governo tem pressa em aprovar um sistema de bandas fiscais. A arrecadação deste começo de ano já preocupa o Planalto, que se move na direção de evitar mais uma batalha jurídica em torno da Lei de Responsabilidade Fiscal ao final do ano. Tudo indica que não há qualquer possibilidade de cumprimento da meta de superávit primário definida para este ano. Além disso, com a economia fragilizada, e muitos gastos rígidos, o governo sinaliza que o contingenciamento deste ano deverá ser inferior a R$50bi, número muito abaixo do necessário para cumprir a meta estabelecida para este ano. Caminhamos, assim, para um cenário de elevação explosiva da dívida/PIB. Na minha visão, um sistema de banda fiscal significa, praticamente, não ter meta fiscal. Acredito que um estamos em um caminho de novos cortes na nota de crédito do país pelas principais agências de Rating globais.  Me impressiona como a dinâmica deste anúncio de contingenciamento se assemelha muito as metas de superávit primário dos anos de 2014 e 2015. O governo começa ventilando um número ruim, mas "aceitável". Ao passar do tempo, o número vai sendo revisado para um cenário muito pior. O mercado e a população vão se acostumando com o número novo, sem reações mais acentuadas. Essa estratégia vem sendo regra no segundo mandato de Dilma, sem que o mercado esteja punindo os ativos locais. Acredito que isso seja insustentável. Mais cedo ou mais tarde, na ausência de uma clareza no cenário de ajuste, teremos uma nova reprecificacao negativa dos ativos brasileiros.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Juros Brasil

Daily News – Brasil: Para o Alto e Avante – Parte II

Daily News – Um Risco de Cauda Positivo?