Not out of the woods, but inside the woods!

Os ativos de risco ameaçaram uma recuperação ao longo do dia, mas estão fechando com sinais claros e inequívocos de fragilidade. Meu comentário de hoje cedo, assim, continua válido, e está sendo reforçado pela dinâmica dos mercados financeiros globais:

Por hora, não vejo sinais claros de que os problemas estruturais que rondam a economia global estejam perto de serem resolvidos (FX na China, Bancos na Europa, ajustes econômicos nos EM, entre outros). Assim, neste momento, estou tratando o movimento desta manhã como um "rebound"/"relief rally" pontual e técnico, compatível com um quadro de excesso de pessimismo no curto-prazo, com indicadores técnicos relativamente "esticados" para o lado negativo. Ainda não vejo mudanças estruturais que justifiquem uma mudança definitiva de dinâmica dos ativos de risco.

O discurso de Yellen no Congresso Norte Americano, tampouco foi um alento aos ativos de risco. O tom do discurso foi claramente mais dovish, com viés de taxas de juros estáveis no horizonte relevante de tempo. Contudo, a discussão ainda se concentra no ritmo do ajuste de alta na taxa básica de juros do país. Ao contrário do ruído recente ao redor do mundo e, da postura adotada por outros bancos centrais de economias desenvolvidas (juros negativos, sinalização de novo afrouxamento monetário, e etc), o Fed ainda perece longe de uma discussão de reversão de sua política monetária. Assim, ainda me parece muito cedo para se falar em corte de juros, QE, Operational Twist e afins nos EUA. Deste ponto de vista, o mercado não deve encontrar conforto no discurso de Yellen hoje. Para reforçar minha visão, o texto não traz alento para os ativos de risco no curto-prazo. O ciclo econômico dos EUA continua em direção oposta ao resto do mundo. Ainda vejo um cenário favorável ao USD no mundo, e uma série de obstáculos para os ativos de risco em geral.
 
No Brasil, a dinâmica dos ativos locais continua surpreendentemente positiva. Mesmo com uma forte alta nas expectativas de inflação apresentadas pelo Relatório Focus do BCB, a curva nominal de juros apresentou mais um dia de fechamento de taxas. O BRL, nem de perto, depreciou na mesma magnitude do que os seus pares neste período de Carnaval. A curva nominal de juros me parece “magra”, exceto você acredite em um ciclo de queda de juros nos próximos meses. Gosto de adicionar opcionalidade de queda de juros via estruturas de opções, mas tenho dificuldade de carregar posições aplicadas nos atuais níveis. Além de uma posição “core” vendida em BRL, estou adicionando puts (de BRL)mais curtas, e com viés comprador de volatilidade. Acredito que a próxima rodada de depreciação dos ativos locais será após o “anuncio” de um contingenciamento modesto e/ou um anuncio oficial de “bandas fiscais”, seguido de mais uma rodada de revisões de ratings do país. Acredito que este cenário esteja muito mais perto do que antes.

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