Sem mudança de cenário.

O feriado nos EUA favoreceu um dia de pouca liquidez e baixa volatilidade dos ativos de risco. O destaque ficou por conta da forte alta das bolsas na Europa, e para um movimento de fortalecimento do dólar contra G3, em especial, contra o EUR e JPY. Observamos também movimento de queda no ouro e alta no petróleo.

Na minha visão, esses movimentos são puramente técnicos, após uma rodada de rápida e acentuada de deterioração do sentimento dos investidores. Não é à toa que o desempenho positivo dos ativos ficou concentrado naquelas classes mais pressionadas durante o sell-off (Bancos na Europa, Petróleo, JPY, EUR e etc). Acredito que próximo ao patamar de 1900-1925 no S&P500, por exemplo, poderemos ver uma perda de força destes movimentos positivos. Mantenho um viés mais negativo no tocante aos ativos de risco. Minha visão só será alterada caso eu observe uma mudança estrutural do cenário, algo que ainda não julgo estar ocorrendo. Alguns temas ainda me preocupam:

China – A situação econômica do país ainda se mostra fragilizada, como vimos nos dados de exportação e importação de janeiro. O governo/PBoC está sendo capaz de trazer alguma estabilização no curto-prazo para o CNY, mas as custas de uma relevante perda de reservas. Acredito que o governo seja capaz de controlar a situação no curto-prazo, mas sem reformas profundas a situação se mostrará insustentável. Algumas mudanças recentes no sistema financeira tentam aliviar a pressão em alguns instrumentos comumente utilizados desde a crise de 2008. Contudo, a saúde financeira do país pode estar comprometida. Reforçando, por ser uma economia ainda bastante planejada (se comparada ao resto do mundo), o governo pode ser capaz de “empurrar os problemas com a barriga” por alguns meses ou alguns anos. No longo-prazo, contudo, com uma economia do tamanho da economia chinesas, apenas reformas estruturantes serão capazes de colocar a economia novamente nos trilhos.

Europa – A situação de algumas instituições financeiras ainda preocupa. A recompra de bonds anunciada pelo DB foi positiva, mas está longe de resolver as questões estruturais da região. Em termos soberanos, Portugal parece estar de volta ao foco dos investidores.

Bancos Centrais – Em discurso hoje no Parlamento Europeu, Draghi manteve um discurso dovish, como era amplamente espero, mas deu um enfoque maior a situação do sistema financeiros/bancário. A médio-prazo, pode ser o primeiro sinal mais positivo provenientes dos policy makers. O mercado europeu precisa de medidas de liquidez (LTRO, TARP e afins) e não mais de juros negativos. O Fed, por sua vez, parece estar em um ciclo de política monetária totalmente divergente do resto do mundo. A put dos bancos centrais me parece ainda distante dos preços atuais. Em outras palavras, parece que os ativos de risco precisam piorar muito mais antes de uma atuação mais agressiva e contundente por parte dos policy makers.


Brasil – O cenário econômico continua mostrando-se extremamente desafiador. A nova rodada de rumores, além da nova meta fiscal, está se concentrando na atuação mais agressiva do BNDES no tocante a liberação de crédito subsidiado. Retomar as medidas do passado recente, cujo o sucesso é extremamente questionável, não me parece ser o caminho mais adequado neste momento.

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