US Recession = Dollar Weakness!?

A tônica do dia foi dada pelo fraco ISM Non-Manufacturing nos EUA. O número saiu de 55,8 para 53,5, abaixo das expectativas de 55,1 e o menor patamar desde 2014. O sub-índice de emprego apresentou queda não desprezível. O número ascende uma luz amarela em torno da solidez do setor de serviços dos EUA, mesmo que o ADP Employment tenha apresentado uma criação ainda saudável de empregos em janeiro. Algumas casas, como o DB por exemplo, têm uma visão mais cautelosa para o crescimento do país, achando que o setor de Serviços irá convergir para a fraqueza do setor Manufatureiro. Os ativos de risco reagiram fortemente ao número, com acentuada que do S&P e do USD, especialmente contra EUR e JPY.

Não há dúvida que a posição técnica do mercado, excessivamente comprada em dólar, está ajudando o movimento de queda da moeda norte americana ao redor do mundo. Na minha visão, uma recessão nos EUA será importada do resto do mundo mas, em especial, da China. Este cenário pode vir a dar suporte ao USD contra moedas de G3, mas vejo um cenário de recessão como um cenário negativo para os países emergentes e seus ativos. Os países emergentes precisam, urgentemente, de uma melhora na demanda global para promover os ajustes econômicos imperativos para suas economias. Uma deterioração dos EUA não me parece um alento nesta direção.

No Brasil, fontes o BCB tentaram estabilizar as expectativas de uma eventual queda de juros ainda este ano. Ventilar este tipo de sinalização na mídia, na minha visão, é uma maneira de evitar otimismo excessivo do mercado de juros nesta direção. O BCB está doido para cair as taxas de juros, mas precisa conter as expectativas de inflação, e não parecer que sofre pressões políticas. Na margem, o cenário externo tem ajudado o cenário delineado pelo BCB (novamente, não que eu concorde com esta visão).

Gosto de acumular USDBRL nos atuais níveis, via estruturas altistas de opção com perda limitada. Gosto da opcionalidade de queda de juros para algum momento deste ano. Olharia para aplicar a barriga da curva nominal de juros em “spikes” de alta nas taxas.

Como tenho insistido neste fórum, minha visão ainda é negativa no tocante ao cenário econômico global. Acredito que poderemos observar momentos pontuais, mesmo que rápidos e acentuados como na semana passada, de recuperação, mas a tendência ainda me parece ser de depreciação dos ativos de risco, ou um cenário de “low prices for longer”.


Na minha visão, precisaremos ver pelo menos um dos vetores a seguir, para que esta tendência negativa seja alterada: (1) sinais claros e evidentes de estabilização da economia mundial, (2) níveis de preços mais atrativos, (3) posição técnica mais ajustada, porém principalmente, (4) a equalização definitiva dos problemas estruturais da China.

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