Ajuste Técnico Prevalece

Os ativos de risco estão mantendo-se em níveis mais positivos, ainda na esteira de um quadro técnico favorável e após dados positivos de crescimento nos EUA.

Na agenda do dia, destaque para o Jobless Claims nos EUA e para o IBC-Br no Brasil.

Os dados econômicos recentes reforçam um cenário de estabilização, mesmo que pontual, dos ativos de risco. O quadro técnico ajuda nesta direção. Podemos esperar um cenário mais estável para bolsas e commodities, além de um cenário de abertura de juros nos países desenvolvidos, um fortalecimento do dólar contra G3, porém um bom desempenho para as moedas e os ativos emergentes. Acredito que esta estabilização deva ser cíclica, já que os problemas estruturais da economia global, em especial na China, continuam sem solução fácil. A mudança de visão é que esta estabilização, frente aos dados recentes, possa durar um pouco mais do que o imaginado anteriormente. A perspectiva de alta de juros nos EUA é positiva para ativos de risco no curto-prazo, pois vem acompanhada de uma melhora no cenário de crescimento. Por outro lado, contudo, irá gerar pressões adicionais ao dólar no mundo e a muitos ativos emergentes a longo-prazo. Ainda gosto de posições compradas em dólar. Ainda vejo o patamar de 1925-1950 como uma grande resistência para o S&P500 e, consequentemente, para os demais ativos de risco.

Na Austrália os dados de emprego de janeiro surpreenderam negativamente as expectativas, o que está colocando pressão no AUD hoje pela manhã.

Na China, o CPI de janeiro acelerou de 1,6% YoY para 1,8% YoY, abaixo das expectativas de 1,9% YoY. O PPI passou de -5,9% YoY para -5,3% YoY. Uma série de vetores pontuais e temporários explica a alta da inflação no mês, sem alterar o espaço para uma postura mais agressiva por parte dos policy makers locais em termos de política monetária e fiscal. Nesta direção, uma série de medidas visando fortalecer o crescimento foi anunciada nos últimos dias.

No Brasil, os jornais de hoje estão dando destaque a oposição dos sindicatos e da sociedade em torno da Reforma da Previdência. Segundo o Valor, Tombini pretende reforçar o canal de comunicação do BCB para mostrar que visa manter os juros estáveis no horizonte relevante de tempo.

No final da tarde de ontem, o S&P anunciou um corte no rating do país, mantendo perspectiva de sua nota negativa. A nota de crédito para a dívida interna foi cortada em 2 degraus, ficando abaixo do Investment Grade. Eu vinha alertando para este risco neste fórum desde que o governo começou a ventilar um corte apenas modesto no orçamento, e um déficit fiscal para 2016. Acredito que a dinâmica dos ativos locais ontem foi totalmente explicada pelo fluxo externo, mas não por fundamentos locais. Acredito que o corte da nota de crédito pela S&P, inesperada, é relevante.  Espero que os ativos do Brasil voltem a mostrar dinâmica ruim assim que o “short squeeze” global perder força. A política econômica no Brasil é a antítese do que foi anunciado no México ontem. Não temos ajuste fiscal e o BCB adota uma postura aparentemente leniente com relação aos riscos de inflação. O bom desempenho do BRL, na esteira do MXN, só se explica por fluxos pontuais, não sustentáveis a longo-prazo.

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