Yellen

No final da sexta-feira, tivemos a confirmação de que a Grécia e a União Europeia entraram em acordo para a extensão do programa de ajuda financeira ao país por mais 4 meses. A notícia ajudou a dar suporte aos ativos de risco, levando as bolsas da Europa e dos EUA para os maiores níveis dos últimos anos e, em alguns casos, os maiores níveis da história. A dinâmica recente do mercado global de renda variável está em linha com nossa visão de que em um ambiente de crescimento global “OK”, inflação baixa, e liquidez ainda abundante no mundo se configuram um cenário construtivo para esta classe de ativos, a despeito de ruídos pontuais e localizados, que podem vir a trazer volatilidade e incerteza no curto-prazo, mas sema alterar o cenário de longo-prazo.

O principal evento da semana que se aproxima ficará por conta da apresentação de Yellen no Congresso Americano. A despeito das Minutas do FOMC terem mostrado um Comitê bastante dividido, e sem pressa para dar inicio a um processo de alta gradual de juros, o USD, assim como as taxas de juros nos EUA, estão mostrando tendência de acomodação, mas sem sinais claros de inversão de tendência, ou “short squeezes” mais agressivos. A dinâmica leva a crer que a posição técnica talvez não seja tão ruim nestas classes de ativos, e o cenário de longo-prazo esteja superando questões pontuais de curto-prazo, o que vem mantendo as tendências de fortalecimento do USD, e leve alta das taxas de juros nos EUA, inalteradas.

O mesmo vale para o mercado de commodities. O crescimento global parece estável e saudável, mas a ausência de aceleração da economia chinesa, mesmo diante de uma postura mais proativa por parte do PBoC, vem mantendo a classe sobre pressão e em tendência de queda.

Brasil – Os jornais do final de semana estão dando destaque há organização política que o governo pretende colocar em prática nos próximos dias a fim de aprovar as propostas do Ministério da Fazenda para o ajuste das contas públicas. Os desafios são enormes e, não à toa, os mercados locais de juros e renda fixa continuam com dinâmica ruim. Além disso, a inflação de 2015 continua sendo vitima de revisões altistas de expectativas, o que faz o mercado prever um BCB mais hawkish nos próximos meses. O cenário de racionamento continua no radar, mas as chuvas recentes reduziram marginalmente o risco de racionamento forçado no curtíssimo-prazo. Finalmente, a Petrobras ainda parece um risco binário e elevado para o país. Caso o governo seja capaz de divulgar um balanço coerente, crível e transparente da companhia, poderemos observar certo alívio por parte do mercado. Caso contrário, seremos jogados a novas rodadas de pessimismo em torno do país e seus fundamentos.

Grécia – A extensão do pacote de ajuda financeira para o país por 4 meses reduz os riscos de curto-prazo, mas “empurra com a barriga” os problemas ainda existentes por mais alguns meses. Ainda teremos um longo processo de negociações, mas o país pode sair um pouco do foco de curto-prazo, deixando as negociações nos bastidores, com ruídos pontuais podendo gerar alguma volatilidade nos ativos de risco.

EUA - O país passa por um período natural e saudável de acomodação do crescimento. A inflação está baixa, e assim deve permanecer por alguns meses. Mesmo neste ambiente, o emprego mostra sinais inequívocos de recuperação. Diante deste cenário, Yellen deve optar por manter uma flexibilidade de discurso em sua aparição no Congresso esta semana. Com o mercado precificando cerca de 40% de alta de uma alta de 25bps de juros em junho, e 100% de probabilidade de alta em setembro, me parece racional, neste momento, manter as expectativas em torno deste patamar. Yellen deveria ratificar sua postura de que o Fed será dependente dos dados, mantendo as expectativas ancoradas nos atuais níveis, não descartando a possibilidade de altas de juros em qualquer momento do segundo semestre do ano.
  

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