Risk-On

A terça-feira foi marcada por um movimento global e correlacionado de “risk-on” entre as classes de ativos. Como comentei hoje pela manhã: “Com os bancos centrais ao redor do mundo ainda extremamente agressivos, os ruídos na Grécia começando a serem dissipados, e um crescimento global que se mostra ainda positivo, a despeito da fraqueza em algumas regiões do mundo, os ativos de risco estão mostrando sinais mais positivos nos últimos dias. Acredito que o ambiente de volatilidade elevada ainda poderá perdurar por algum tempo, mas vejo argumentos suficientes para acreditar em um humor mais positivo para os ativos de risco no curto-prazo.” A estabilização e, consequente alta no preço do petróleo parece ter sido um vetor determinante para a melhora do humor global a risco.

Assim, o dia foi de alta nas bolsas e nas commodities, abertura de taxas de juros nos países desenvolvidos e enfraquecimento do USD no mundo. De maneira geral, vejo o movimento positivo nas bolsas como relativamente sustentável. Acredito que a fraqueza do USD seja pontual, e esteja refletindo um momento natural de ajuste de posições. Os próximos dados econômicos nos EUA, com ADP Employment e ISM Non-Manufacturing agendados para amanhã, serão determinantes neste quesito. Números fracos podem acabar acentuando a correção do USD, mas números fortes podem acabar freando o movimento. O mesmo raciocínio vale para a dinâmica de curto-prazo das taxas de juros nos EUA e, consequentemente, no mundo desenvolvido. Meu viés ainda é de buscar um momento ideal para voltar a ter posições compradas em USD ao redor do mundo. Acredito que os dados a serem divulgados até o final da semana serão determinantes para uma decisão nesta direção. Por hora, o mercado parece em uma clara tendência de acomodação, fraqueza do USD e ajuste de posições, o que pode acabar empurrando o movimento por mais algum tempo.

Brasil – Os ativos locais tiveram o primeiro dia de desempenho positivo após uma rodada de quase 1 semana de pressões negativas. Além da melhora do humor externo, tivemos novas sinalizações positivas provenientes da equipe econômica, assim como sinais de que o governo pretende promover ajustes na diretoria da Petrobrás. A PIM apresentou queda de 2.8% MoM em dezembro, confirmando um ambiente desolador para a industria em 2014. Os indicadores de dezembro da CNI, também divulgados hoje, apontam na mesma direção. Assim, começamos 2015 com um carrego negativo da indústri,a e sem pilares de sustentação para o crescimento do país. Continuo acreditando que Levy irá entregar um ajuste fiscal crível, transparente e dentro do que foi proposto em seu discurso de posse, ou seja, um superávit de 1,2% do PIB. Acredito que o movimento na curva de juros dos últimos dias foi exagerado e deveria ser revertido. Tenho menos convicção no câmbio, devido ao movimento agressivo de USD forte verificado em outros países emergentes nos últimos meses. No entanto, vejo a posição técnica, e o carrego elevado, como limitantes, que irão ajudar o movimento de depreciação a ser menos intenso do que aquele verificado nos últimos dias ou, no mínimo, a depreciação ser mais lenta e gradual, como vinha acontecendo desde o final do ano passado. Ainda vejo a trajetória global do USD como  principal componente que irá determinar a direção do BRL. A curva local já precifica um cenário de altas de 45bps+30bps+25bps na taxa Selic, que me parece exagerado vis-à-vis o ambiente de crescimento que estamos vivenciando. O risco de curto-prazo fica por conta da inflação corrente, que deve continuar incomodando o BCB neste primeiro trimestre do ano.

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