Petrobras
A noite foi de continuidade do movimento positivo verificado ao longo do dia de ontem. Hoje pela manhã, contudo, estamos observando uma leve acomodação destes movimentos, com as bolsas e as commodities em leve queda e o USD um pouco mais forte ao redor do mundo. A agenda do dia será relevante, com destaque para o ADP Employment e ISM Non-Manufacturing nos EUA.
A mídia local está dando como certa a saída de Graça Foster da presidência da Petrobras, assim como de toda a atual diretoria e de todo o conselho de administração da empresa. O atual quadro seria alterado até o final deste mês, após o balanço da empresa ser assinado e as perdas referentes ao escândalo político que assolou a empresa serem anunciadas. Segundo artigo de Claudia Safatle no Valor, o governo irá optar por um corpo técnico e respeitado, e não irá mais manter um ar político no conselho de administração da companhia. Caso estas mudanças sejam confirmadas, vejo como mais um vetor na direção das reformar econômicas urgentes que precisam ser implementadas no país. Acredito que este tipo de postura irá ajudar a retomar a confiança do mercado na economia e no atual governo. Entendo que ainda temos um longo e tortuoso caminho para que os ajustes sejam colocados em prática e surtam os efeitos necessários mas, por hora, o atual governo tem sido bastante pragmático no tocante a este processo.
A terça-feira foi marcada por um movimento global e correlacionado de “risk-on” entre as classes de ativos. Como comentei ontem pela manhã: “Com os bancos centrais ao redor do mundo ainda extremamente agressivos, os ruídos na Grécia começando a serem dissipados, e um crescimento global que se mostra ainda positivo, a despeito da fraqueza em algumas regiões do mundo, os ativos de risco estão mostrando sinais mais positivos nos últimos dias. Acredito que o ambiente de volatilidade elevada ainda poderá perdurar por algum tempo, mas vejo argumentos suficientes para acreditar em um humor mais positivo para os ativos de risco no curto-prazo.” A estabilização e, consequente alta no preço do petróleo parece ter sido um vetor determinante para a melhora do humor global a risco.
Assim, o dia foi de alta nas bolsas e nas commodities, abertura de taxas de juros nos países desenvolvidos e enfraquecimento do USD no mundo. De maneira geral, vejo o movimento positivo nas bolsas como relativamente sustentável. Acredito que a fraqueza do USD seja pontual, e esteja refletindo um momento natural de ajuste de posições. Os próximos dados econômicos nos EUA, com ADP Employment e ISM Non-Manufacturing agendados para hoje, serão determinantes neste quesito. Números fracos podem acabar acentuando a correção do USD, mas números fortes podem acabar freando o movimento. O mesmo raciocínio vale para a dinâmica de curto-prazo das taxas de juros nos EUA e, consequentemente, no mundo desenvolvido. Meu viés ainda é de buscar um momento ideal para voltar a ter posições compradas em USD ao redor do mundo. Acredito que os dados a serem divulgados até o final da semana serão determinantes para uma decisão nesta direção. Por hora, o mercado parece em uma clara tendência de acomodação, fraqueza do USD e ajuste de posições, o que pode acabar empurrando o movimento por mais algum tempo.
Brasil – Os ativos locais tiveram o primeiro dia de desempenho positivo após uma rodada de quase 1 semana de pressões negativas. Além da melhora do humor externo, tivemos novas sinalizações positivas provenientes da equipe econômica, assim como sinais de que o governo pretende promover ajustes na diretoria da Petrobrás. A PIM apresentou queda de 2.8% MoM em dezembro, confirmando um ambiente desolador para a industria em 2014. Os indicadores de dezembro da CNI, também divulgados hoje, apontam na mesma direção. Assim, começamos 2015 com um carrego negativo da indústri,a e sem pilares de sustentação para o crescimento do país. Continuo acreditando que Levy irá entregar um ajuste fiscal crível, transparente e dentro do que foi proposto em seu discurso de posse, ou seja, um superávit de 1,2% do PIB. Acredito que o movimento na curva de juros dos últimos dias foi exagerado e deveria ser revertido. Tenho menos convicção no câmbio, devido ao movimento agressivo de USD forte verificado em outros países emergentes nos últimos meses. No entanto, vejo a posição técnica, e o carrego elevado, como limitantes, que irão ajudar o movimento de depreciação a ser menos intenso do que aquele verificado nos últimos dias ou, no mínimo, a depreciação ser mais lenta e gradual, como vinha acontecendo desde o final do ano passado. Ainda vejo a trajetória global do USD como principal componente que irá determinar a direção do BRL. A curva local já precifica um cenário de altas de 45bps+30bps+25bps na taxa Selic, que me parece exagerado vis-à-vis o ambiente de crescimento que estamos vivenciando. O risco de curto-prazo fica por conta da inflação corrente, que deve continuar incomodando o BCB neste primeiro trimestre do ano.
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