Copom, Grécia e China

Ao longo do final de semana tivemos informações de que o novo governo na Grécia pretende negociar um acordo para continuar suas relações políticas e financeiras com a União Europeia, FMI e ECB. Na China, o HSBC Manufacturing PMI caiu abaixo de 50 ponto em janeiro, ficando em nível inferior as expectativas de mercado. As relações em Rússia e Ucrânia continuaram estremecidas, sem que um acordo de cessar fogo conseguisse ser atingindo. No Brasil, o governo já fala abertamente em “uma campanha para o uso mais racional da energia”, enquanto artigo de Vicente Nunes, no Correio Brasiliense cota um membro do BCB, próximo a Tombini, declarando uma preocupação crescente dentro da instituição com o cenário para o crescimento do país.

Brasil – Desde o final da semana passada, o governo começa a falar de maneira mais aberta em uma campanha para elevar a oferta de energia e melhorar o uso da mesma, de modo a reduzir o consumo em torno de 5%. Com o cenário para as chuvas nos próximos meses tendo se deteriorado drasticamente nos últimos dias, um racionamento parece a cada dia mais inevitável. Assim, o governo caminha de uma posição de negação, para uma postura mais acertada de atuação, na direção de tentar reduzir o consumo e evitar cenário ainda piore do que este que vem se desenhando nos últimos dias. Continuo vendo o evento de “racionamento” como mais um vetor negativo para o crescimento do país, a despeito das pressões pontuais na inflação. Em artigo do Correio Brasiliense de sábado, Vicente Nunes, um jornalista com alguma abertura no BCB, cota um membro da instituição, que seria muito próximo a Tombini, falando abertamente sobre a crescente preocupação dentro do BCB com o cenário para o crescimento do país. O artigo parece tentar levar o mercado a acreditar que o ciclo de alta de juros está muito próximo o fim, com mais uma alta de 25bps na próxima reunião do Copom, e o ciclo se encerrando com a Selic em 12.50%. Com a curva precificando um cenário de 45bps+25bps+15bps, parece haver prêmio na parte curta e intermediária da curva caso este cenário se confirme, o que parece ser uma opção cada vez mais viável, dado as recentes revisões de crescimento pelo qual a economia brasileira vem passando.

Grécia – Após uma semana de rápida e acentuada deterioração dos ativos no país, o novo governo eleito resolveu adotar um tom mais conciliador no final de semana, sinalizando que pretendem negociar um novo acordo entre o país e a Troika. O governo busca uma “solução de canto” que não seja tão negativa para a economia grega, mas que não deixa de honrar os compromissos já firmados com as instituições internacionais. Continuo acreditando que uma solução intermediária será encontrada e o problema na Grécia se mostrará um ruído pontual e localizado. Contudo, ainda teremos que conviver com algum ruído e volatilidade provenientes do país no curto-prazo.

China – O HSBC Manufactuing PMI de janeiro caiu de 50.1 para 49.8 pontos, menor patamar desde 2012 e abaixo das expectativas do mercado. O numero mostra os enormes desafios por que passa a economia chinesa. Mesmo após uma sequencia de medidas de estimulo econômico, o país não mostra qualquer sinal de estabilização do crescimento. Acredito que o mercado continuará se decepcionando com o crescimento do país. Vejo a China como o principal risco para a economia mundial e os mercados financeiros globais ao longo deste ano. Por outro lado, podemos esperar que novas medidas de suporte ao crescimento sejam anunciadas nos próximos dias.

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