Pessimismo elevado em torno do Brasil
A despeito da ausência de um acordo de extensão para o programa de ajuda financeira para a Grécia, os ativos de risco vêm operando com viés mais positivo nos últimos dias. Hoje pela manhã, o Riskbank, o banco central da Suécia, anunciou um corte de juros de 10bps, para -0.1% em sua taxa básica de juros, surpreendendo as expectativas do mercado de estabilidade da política monetária. Além do corte de juros, o Banco anunciou um programa de QE no país. O SEK deprecia cerca de 2% após o anuncio.
Na agenda do dia, destaque para o Retail Sales e Jobless Claims nos EUA, além do IBC-Br no Brasil.
Hoje pela manhã, estamos observando um leve movimento positivo nas bolsas ao redor do mundo, o que está ajudando a colocar um suporte no mercado de commodities. O USD opera sem tendência definida, um pouco mais fraco contras as moedas EM, porém ainda fortalecido contra as moedas de G10. As taxas de juros apresentam leve fechando de taxas tanto no mundo desenvolvido quanto nos países emergentes.
Ainda não vejo mudanças significativas de cenário para alterar as dinâmicas de curto-prazo dos ativos de risco. A cenário ainda pressupõe um USD mais forte ao longo do tempo, juros mais elevados nos EUA, porém contidos no resto do mundo, preço das commodities mais baixos e um ambiente ainda positivo para as bolsas globais. Contudo, alguma dessas tendências parecem ter ficado um pouco “esticadas” no curto-prazo, o que pode acabar favorecendo movimentos pontuais de realização/acomodação.
Brasil – Na ausência de novas medidas de ajuste econômico ou mudanças no cenário, os ativos locais tiveram mais um dia de forte deterioração na quarta-feira. Ao que me parece, será necessária uma estabilização dos problemas na Petrobras, aliado a novas medidas de ajuste das contas públicas, para que os ativos locais possam, no mínimo, apresentar algum tipo de estabilização de curto-prazo. Neste sentido, a equipe econômica veio à mídia ontem, em peso, ratificar que irão entregar o superávit primário de 1.2% do PIB prometido para este ano, custo o que custar. Não apenas Joaquim Levy fez essa afirmação, como Nelson Barbosa reforçou este ponto em evento do BTG Pactual em SP. A mídia, inclusive, vem ventilando que novas medidas estão em estudo e podem ser divulgadas a qualquer momento. Eu entendo que não existe disposição do mercado em dar o beneficio da dúvida a este governo, especialmente em um pano de fundo de recessão, inflação elevada, risco de racionamento, problemas graves na maior empresa do país e perda de poder político do governo eleito. Contudo, alguns movimentos estão começando a ficar exagerados e requer atenção para eventuais oportunidades de investimento, com é o caso da curva de juros local. As vendas no varejo, divulgas ontem, apresentaram forte queda de 2.6% MoM, muito abaixo das expectativas, e confirmando um cenário de crescimento pífio para o país. A curva local de juros já precifica altas de 55bps+40Bps+20bps+20bps+15bps nas próximas reuniões do Copom, um cenário que me parece cada vez mais fora da realidade. A curva voltou a flettar bastante, com o Jan21/Jan17 saindo de -15bps para -55bps em apenas 3 dias. O BRL continua seguindo o humor global em torno do USD, mas com um beta muito mais alavancado. A depreciação da moeda local foi a maior entre os seus pares nos últimos dias.
Europa – Ainda não houve acordo para uma extensão do programa de ajuda financeira a Grécia na reunião do EcoFin realizada ontem. As negociações continuam. Ainda acredito que o cenário base seja de um compromisso entre as partes, mas até que este acordo seja atingido, poderemos ter incertezas e volatilidade afetando os ativos de risco no curto-prazo.
China – O crescimento do país continua surpreendendo negativamente, mas o governo vem atuando de maneira mais proativa e agressiva na condução da política monetária. Este cenário tem evitado rodadas de pressões mais negativas para os ativos do país. Contudo, devemos acompanhar atentamente como a economia local irá reagir nos próximos meses. Ainda vejo uma desaceleração mais acentuada da China como principal risco para a economia mundial ao longo deste ano.
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