Agenda esvaziada

Em uma noite de agenda e news flow relativamente esvaziados, os ativos de risco estão dando continuidade aos movimentos verificados ao longo da quinta-feira, ou seja, bolsas e commodities em alta, USD mais fraco, risco de crédito em queda, bom desempenho dos ativos emergentes, mas uma leve abertura de taxa dos bonds norte americanos e no núcleo da Europa, a despeito de um bom desempenho dos bonds da periferia da Europa e nos países emergentes.

Mantenho minha visão descrita no último post. A agenda do dia será esvaziada nos EUA e no Brasil.

Europa – O PIB da Alemanha apresentou forte e surpreendente alta no 4Q de 2014, subindo 0.7% QoQ e ficando acima das expectativas do mercado (0.3% QoQ?). Na França, a alta foi mais modesta (0.1% QoQ), ficando dentro das expectativas. Os números divulgados hoje confirmam um cenário de crescimento relativamente estável e positivo na região. Ainda observamos grandes disparidades entre os países europeus, com a Alemanha claramente sendo um dos principais pilares de sustentação da economia, mas com fragilidades aparentes em outras regiões da Europa, como é o caso da França. Acredito que estas disparidades continuarão sendo visíveis, mas o cenário base segue sendo relativamente positivo para a região, com crescimento "OK", inflação baixa e liquidez abundante. Um cenário claramente positivo para o mercado local de renda variável e busca por yield, leia-se, bonds bem sustentados.

Grécia – A despeito de não estarmos observando uma definição em torno da extensão de um pacote de ajuda financeira ao país, parece estar havendo uma grande movimentaçõão nos bastidores que apontam para um acordo nas próximas semanas. Acredito que podemos ter ruídos provenientes destas negociações, mas ainda acredito que um acordo seja o melhor caminho para ambas as partes. Atribuo probabilidade de 90% de um acordo favorável para ambos, com um risco baixo, de cerca de 10%, de um potencial “evento de default” na região.(Greece is seeking a “new contract” with the euro area on how to continue its bailout, as talks resume and both sides signal willingness to compromise, according to government officials taking part in the talks. Bloomberg reported that Greek Prime Minister Alexis Tsipras met his EU peers at a summit for the first time and said afterwards he sees political will to agree on what happens after the current aid program expires this month. Greece’s goal remains a six-month bridge agreement that would lead to a new deal with euro-area authorities, he told reporters. German Chancellor Angela Merkel urged Greece to move swiftly with its next request, which she portrayed as a follow-on to the current bailout program. She said her first meeting with Tsipras was “very friendly” and cited the ability to compromise as one of Europe’s strengths. “I would like them to apply for the extension as soon as possible,” Merkel said. “And if the goal is to fulfill it by the end of February, then I’d like the intention to fulfill it to be announced soon.” From CS)

Brasil – Não há novidades relevantes no cenário para Brasil, e os ativos locais estão seguindo o humor global a risco. Vale aqui algumas observações. Após um breve período de “hibernação”, Levy voltou a aparecer na mídia. O objetivo parece ser trazer de volta a confiança do mercado, dos empresários e da população que, em algum momento, parece ter sido perdida nas últimas semanas, tendo sido “atropelado” por um terrível cenário de curto-prazo de contas públicas pífias, crescimento desolador e inflação alta. Ratifico minha visão de que o cenário de curto-prazo continuará extremamente desafiador nos próximos meses, senão nos próximos anos, mas acredito que a nova equipe econômica fará o possível para entregar as promessas de campanha. Espero que os ativos locais continuem voláteis no curto-prazo, mas vejo um certo exagero negativo do mercado em relação ao Brasil neste momento. Acredito que o BRL continuará seguindo o humor global a risco em torno do USD. Caso o movimento de depreciação da moeda se torne mais ordenado, vejo valor na curta local de juros, por acreditar que o cenário externo seja favorável para a busca por yield e o cenário local de aperto fiscal, efeitos defasados de política monetária, crédito mais escasso, e crescimento baixo, irá ajudar o BCB no combate a inflação, retirando parte do peso dos ajustes de política monetária futuros.

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