Brasil
O mercado
local de juros está muito bem comportado frente aos recentes movimentos no
dólar e na bolsa. Observamos um forte movimento de steepening da curva ao longo das últimas duas semanas que, ex-post, parece um movimento racional de
maior prêmio de risco derivados dos ruídos de curto-prazo que assolam o país,
leia-se, aumento da probabilidade de racionamento, escândalos na Petrobras,
crescimento pífio da economia, ajuste fiscal sendo questionado frente aos terríveis
números de dezembro, entre outros.
A curva
curta precifica hoje altas de 46bps+27bps+20bps nas próximas 3 reuniões do
Copom.
Mantenho minha visão mais construtiva no
médio-prazo para o mercado de juros local. Acredito que, talvez, o timing não seja o melhor possível, mas
estarei olhando para oportunidades de alocações de risco na ponta aplicadora de
juros. Acredito que o ajuste fiscal, aliado
aos efeitos defasados de política monetária, aos sinais crescentes de fraqueza
da economia, juntamente com os efeitos recessivos da Operação Lava-Jato, serão
suficientes para fazer com que o ciclo de alta de juros não se estenda por
muito mais tempo. O maior risco, no curto-prazo, continua sendo a inflação
corrente e a depreciação cambial.
Aqui,
contudo, vale algumas observações. O IPCA divulgado hoje foi elevado, mas não
surpreendeu as expectativas do mercado e do BCB. O ajuste dos preços
administrados é negativo no curto-prazo, mas muito positivo no longo-prazo,
pois irá reduzir a demanda por itens com preços mais caros (como energia, por
exemplo) e ajudar na convergência da inflação no longo-prazo. Não é a toa que
as expectativas de inflação longas vem recuando nas últimas semanas. No tocante
ao dólar, o repasse da depreciação cambial para a inflação hoje é muito menor
do que foi no passado, segundo estimativas do próprio BCB.
No mercado
de câmbio, por outro lado, a despeito da posição técnica ruim, e do carrego
elevado, o movimento global de apreciação do USD, juntamente com os fundamentos
frágeis da economia, e a necessidade de ajuste dss contas externas, podem
manter a tendência de longo-prazo de depreciação da moeda, a despeito de
períodos pontuais de acomodação. Podemos esperar mais volatilidade pela
frente...
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