Grécia em foco

Os ativos de risco tiveram uma final de quarta-feira de forte deterioração, após o ECB anunciar que não irá mais aceitar papéis gregos como colateral. Esta medida irá forçar os bancos gregos a buscar liquidez através do programa conhecido como ELA, cuja taxa é mais cara que as taxas cobradas pelo ECB, e cujo risco fica por conta do banco central da Grécia, e não é dividido com os demais países da Europa. A medida me parece uma jogada política do ECB para forçar o novo governo grego e os demais países da união europeia em chegar a um acordo político para que o pacote de ajuda financeira que vem sendo distribuído à Grécia seja estendido. A postura do ECB torna essas negociações ainda mais urgentes. Acredito que o cenário base ainda seja de um acordo entre as partes, mas o processo está se tornando muito mais tortuoso e volátil do que eu imaginava, especialmente frente a retórica mais positiva adotada pelo governo grego nos últimos dias. Assim, podemos esperar no curto-prazo um período de maior incerteza e volatilidade, até que uma solução concreta seja atingida. O cenário negativo de um potencial default do país ainda não pode ser descartado, mas ainda atribuo probabilidade relativamente baixa para este evento.

Na agenda do dia, destaque para o Unit Labor Costa e Jobless Claims nos EUA.

Brasil – A despeito do bom desempenho do Ibovespa nos últimos dias, liderado por uma forte alta na Petrobras, os ativos de renda fixa mostram desempenho mais problemático. O BRL vem seguindo o humor global em torno do USD, que continua claramente favorável à moeda americana. A rápida e acentuada deterioração da moeda local, por sua vez, vem impedindo um bom desempenho da curva de juros. No relativo, vis-à-vis o que vem ocorrendo no cambio, a curva de juros se mostra relativamente bem comportada, mas com dificuldades imensas em apresentar boa perfomance. Entendo que a direção do USD no mundo seja de alta, e que o BRL deveria seguir esta tendência, mas tenho me impressionado com a velocidade que do movimento. Na curva de juros, ainda vejo o ajuste fiscal implementado por Levy e o cenário tenebroso para o crescimento local como ancoras para a curva de juros.

EUA – Os indicadores de crescimento continuam mostrando uma economia saudável. O ADP Employment e o ISM Non-Manufacturing divulgados ontem se mantiveram em patamar robusto. Assim, as atenções irão se voltar aos dados de emprego na sexta-feira. Caso o cenário continua apontando para uma melhora  consistente do mercado de trabalho, não podemos descartar uma alta de juros por parte do Fed já na reunião de junho.

Europa – Os números recentes de crescimento estão afastando a probabilidade de mais uma rodada de desaceleração da economia da região. Após as vendas no varejo da União Europeia, divulgadas ontem, virem acima das expectativas, hoje foi a vez do Factory Orders na Alemanha apresentar forte e inesperada alta em dezembro, subindo 4.2% MoM contra expectativas de alta de 0.7% MoM.

China – A leitura do mercado para o corte de compulsório anunciado pelo PBoC ontem foi de que era uma medida positiva, mas esperada. Além disso, é apenas uma reação a desaceleração da economia e a um ambiente de liquidez relativamente apertada. Acredito que o cenário de longo-prazo ainda seja de um menor crescimento estrutural do país, com a China se colocando como o maior risco para a economia mundial nos próximos meses. Contudo, vejo a postura mais agressiva e proativa por parte do PBoC como positiva no curto-prazo.

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