Brasil

Os ativos de risco tiveram uma noite de relativa tranquilidade. A estabilização no preço das commodities, liderada por um forte rally do petróleo nos últimos dias, está ajudando a dar algum suporte ao humor global a risco, especialmente às bolsas globais e as moedas emergentes. Durante a noite, o banco central na Austrália reduziu os juros em 25bps, para 2,25%, o que não era esperado pelo mercado, mas já vinha sendo ventilado desde a semana passada na mídia local. De qualquer maneira, o AUD cai cerca de 2% está manhã. Na Grécia, um artigo do FT de ontem à noite declara que o novo governo grego irá buscar uma negociação justa para todas as partes, buscando manter grande parte das promessas e ajustes negociados entre o governo anterior e a Troika, mas visando reduzir, de certa maneira, o peso dos pagamentos de juros a seus credores através de uma extensão de sua dívida. Continuo vendo uma solução de canto como o cenário mais provável para a solução do problema no país, com um risco de cauda ainda presente, mas sendo um cenário alternativo, com probabilidade cada vez mais baixa.

Com os bancos centrais ao redor do mundo ainda extremamente agressivos, os ruídos na Grécia começando a serem dissipados e um crescimento global que se mostra ainda positivo, a despeito da fraqueza em algumas regiões do mundo, os ativos de risco estão mostrando sinais mais positivos nos últimos dias. Acredito que o ambiente de volatilidade elevada ainda poderá perdurar por algum tempo, mas vejo argumentos suficientes para acreditar em um humor mais positivo para os ativos de risco no curto-prazo.

Na agenda do dia, destaque para a PIM no Brasil, com o mercado já esperando uma forte queda de 2.5% MoM em dezembro.

Brasil – Os ativos de renda fixa e câmbio no país tiveram 3 dias de extrema volatilidade e deterioração. Eu entendo que exista um risco crescente de racionamento de luz e água nos principais centros do país. Os números fiscais de dezembro e, consequentemente as contas públicas fechadas de 2014, foram tenebrosos. A inflação se mostra extremamente elevada no curto-prazo. E o governo teve uma derrota gigantesca ao perder o comando da Câmara dos Deputados neste começo de mês. Contudo, continuo acreditando que Levy irá entregar um ajuste fiscal crível, transparente e dentro do que foi proposto em seu discurso de posse, ou seja, um superávit de 1,2% do PIB. Assim, mesmo o mercado mostrando que estou definitivamente errado no curto-prazo, continuo acreditando que o movimento na curva de juros dos últimos dias foi exagerado e deveria ser revertido. Tenho menos convicção no câmbio, devido ao movimento agressivo de USD forte verificado em outros países emergentes nos últimos meses. No entanto, vejo a posição técnica, e o carrego elevado, como limitantes, que irão ajudar o movimento de depreciação a ser menos intenso do que aquele verificado nos últimos dias ou, no mínimo, a depreciação ser mais lenta e gradual, como vinha acontecendo desde o final do ano passado. Ainda vejo a trajetória global do USD como  principal componente que irá determinar a direção do BRL. A curva local já precifica um cenário de altas de 45bps+30bps+25bps na taxa Selic,  que me parece exagerado vis-à-vis o ambiente de crescimento que estamos vivenciando.

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