Risk-on

Com os riscos de curto-prazo sendo dissipados, leia-se, um novo acordo de cessar fogo na Ucrânia, as negociações na Grécia aparentemente fluídas, e dados levemente mais fracos de crescimento nos EUA, porém incapazes de alterar o cenário positivo para o país, observamos um movimento rápido, acentuado e correlacionado de “risk-on” nos ativos de risco. Assim,  as bolsas e as commodities tiveram um dia de alta, o USD ficou mais fraco, e as taxas de juros nos países emergentes e desenvolvidos apresentaram fechamento de taxas. O risco de crédito ao redor (CDS) do mundo também apresentou um dia de baixas generalizadas.

Acredito que, neste momento, precisamos separar correções técnicas de curto-prazo, do cenário de médio e longo-prazo. Continuo otimismo com a dinâmica da economia dos EUA. Vejo uma acomodação do crescimento no final de 2014 e começo de 2015, mas apenas de níveis insustentáveis para níveis mais realistas. Vejo um cenário relativamente positivo na Europa, com crescimento estável, inflação baixa e liquidez abundante. Na China, acredito que o crescimento continuará surpreendendo negativamente, mas a postura mais proativa e agressiva do policy maker local será capaz de tornar este movimento gradual. Os países emergentes, por sua vez, muitos com fundamentos frágeis, apresentarão dinâmica correlacionada com os movimentos da curva de juros nos EUA e dos desdobramentos da economia na China. No Brasil, o cenário continua extremamente desafiador. Contudo, ainda acredito que Levy e equipe farão de tudo para entrega o prometido no começo de mandato. Teremos que conviver com inflação alta e recessão pelos próximos meses, o que requer cautela na alocação a risco. Continuo vendo valor na curva de juros, contando que o movimento de depreciação cambial siga e forma mais ordenada e menos acentuada do que nos últimos dias.

Neste ambiente, ainda acredito que a tendência de longo-prazo seja de fortalecimento do USD. As taxas globais de juros devem se manter comprimidas, pressionadas pela política monetária agressiva de bancos centrais como o ECB, BoJ, PBoC, entre outros. As commodities não devem ser capazes de apresentar mudança de trajetória, dado a fraqueza da economia chinesa. O cenário para o mercado de renda variável ainda me parece bastante favorável.

No curto-prazo, contudo, acredito que a posição técnica tenha ficado excessivamente unidirecional, especialmente em alguns casos, como no USD e nas commodities. Em um ambiente de “soft-patch” da economia dos EUA, apesar de natural e esperado após a robustez do ano passado, pode acabar favorecendo um ambiente mais positivo por busca por yields e risco, estimulando um USD mais fraco e um desempenho mais positivos dos ativos emergentes. Vejo este movimento como pontual e tático, mas que pode acabar favorecendo aqueles ativos que foram os mais prejudicados nas últimas semanas.

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