Mantendo maior cautela externa. Obstáculos políticos no Brasil e notícias sobre as reformas econômicas.


Os ativos de risco acabaram acelerando o movimento de deterioração ao longo do dia de ontem e fechando próximos aos piores momentos do dia, em um clássico movimento de aversão a risco. A dinâmica foi em linha com o que comentei na manhã de terça-feira (vide aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com/2019/01/tom-negativo-momento-de-cautela-externa.html).

Mantenho viés externo mais negativo e acredito que a primeira (e talvez única e última) rodada de recuperação dos ativos de risco neste começo de ano possa ter chegado ao fim. Mantenho recomendações externas mais negativas, como pode ser visto no link acima.

Os motivos para a mudança de dinâmica estão por conta da continuidade de dados econômicos mais fracos no mundo, com números do setor imobiliário divulgados ontem bastante fracos nos EUA, além de indicadores de confiança (como o ZEW) na Alemanha, sinais de distensão das relações entre os EUA e China, sem perspectivas de um acordo entre as partes, e perspectivas menos otimistas para os lucros das empresas.

Os ativos no Brasil acabaram seguindo a piora do humor global a risco, com destaque para a acentuada depreciação cambial (comentei sobre alocação no Brasil aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com/2019/01/brasil-bolsonaro-enfrenta-seu-primeiro.html).

Um discurso de Ilan – presidente do BCB – acabou levando a um fechamento adicional da curva curta de juros, com viés claro de “steepening”. Ilan sinalizou que o BCB poderia promover cortes adicionais da Taxa Selic. Ainda acho mais prudente a estratégia de juros mais baixos por mais tempo, ou seja, Selic estável nos 6,50% no horizonte relevante de tempo. Não gosto da assimetria da parte curta da curva. Vejo espaço para fechamento da curva longa na eventualidade de aprovação da reforma da previdência.

Vale a pena ressaltar que meu intuito neste fórum é apenas analisar, do ponto de vista político e econômico, os eventos no Brasil, sem fazer juízo de valor sobre os fatos ou tomar partido deste ou daquele lado. O objetivo aqui sempre será ser imparcial, ter a exata noção de como isso afeta o cenário econômico e, consequentemente, o preço dos ativos brasileiros e os investimentos nos ativos do Brasil e do mundo.

As notícias envolvendo o entorno do senador eleito e filho do presidente Flavio Bolsonaro continuam colocando o presidente em situação, no mínimo, delicada. As questões envolvendo pessoas em torno do presidente, até o momento, foram relevadas pelos investidores. Os fatos que estão sendo trazidos à tona, contudo, acumulam uma onda de incertezas que demandam explicações mais detalhadas e incisivas para a sociedade. Deixar que uma situação como essa cresça sem a resposta e o endereçamento adequado pode se tornar um problema mais à frente, especialmente quando a agenda de reformas entrar em estágio de negociação no Congresso, pois irá virar um meio de coação política de aliados e adversários.

Duas notícias (links abaixo) em relação as reformas merecem destaque hoje. Uma fala sobre os militares na Reforma da Previdência, outra sobre taxar juros sobre lucros e capital:




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