Equilíbrio Instável.


Os ativos de risco ameaçaram uma piora mais acentuada ontem mas acabaram apresentando alguma recuperação ao longo do dia. O destaque voltou a ser os ativos no Brasil, com forte desempenho. A “lua de mel” do mercado com as sinalizações do novo governo continua, agora ajudada por um ambiente externo, no curto-prazo, mais favorável aos ativos de risco e, em especial, aos ativos emergentes.

Na agenda do dia, destaque para a votação o Brexit na Inglaterra. A agenda nos EUA traz o PPI e alguns indicadores de confiança/crescimento que serão importantes para medir a temperatura do crescimento americano diante de um quadro global mais desafiador.

No que tange ao mercado, estamos naquela fase do ciclo em que o crescimento dos EUA ainda é saudável, o mundo desacelera, mas ainda sem sinal claro de recessão, a inflação global permanece contida e os bancos centrais sinalizam com uma mudança de postura, visando um posicionamento mais frouxo no tocante a política monetária. Este ambiente costuma ser visto como positivo para os ativos de risco e costuma ser cunhado de “goldilocks”.

Acredito, contudo, que este equilíbrio seja instável, pois nesta fase do ciclo econômico, na minha visão em estágio avançado, dificilmente conseguiremos manter este balanço de risco totalmente alinhados por muito tempo. Assim, vejo os movimentos atuais como de curto-prazo, táticos, e não estruturais, como vivenciamos durante quase 10 anos desde a crise de 2008 até início de 2018. Estes movimentos podem durar algumas semanas, talvez alguns meses (2 ou 3) mas acho que dificilmente duram muito mais do que isso.

Sigo otimista com a direção do Brasil e seus ativos. Ainda vejo espaço para avanços nos preços dos ativos locais, mas fico a cada dia mais desconfortável com nível de preços e posição técnica. Recomendo, por ora, alguns hedges. Em algum momento, será necessário algum ajuste de posições. No cenário internacional, ainda vejo um curto-prazo mais positivo, mas enormes desafios de longo-prazo. Recomendo posições menos direcionais, mais táticas e/ou hedges maiores.

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